Mesmo com lucros

Setor financeiro fechou quase 10 mil postos de trabalho em 2015

Número é quase o dobro do registrado no ano anterior. Rotatividade segue alta e salário médio diminui

Mauricio Morais/Sind. Bancários SP

Demissões preocupam bancários neste início de ano

São Paulo – Os bancos fecharam quase 10 mil postos de trabalho (9.886) em 2015, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) em parceria com o Dieese. O total é quase duas vezes maior do que o ano anterior (5.004). O estudo mostra que a rotatividade de mão de obra segue alta no setor: durante o ano, foram 29.889 admissões e 39.775 demissões. Esse processo também inclui redução de rendimentos: o salário médio de quem foi contratado (R$ 3.550,19) é 43,7% menor do que o dos demitidos (R$ 6.308,10).

Os chamados bancos múltiplos com carteira comercial, que reúne as principais instituições (Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil) eliminar 7.248 postos de trabalho. Na Caixa Econômica Federal, foram mais 2.497. O pior mês do ano foi julho (-3.069 vagas), com influência, segundo a Contraf-CUT, de programas de incentivo à aposentadoria no BB e na Caixa.

“É uma falta de compromisso muito grande para com a sociedade. O setor que mais ganhou deveria estar contribuindo mais para a retomada do crescimento e da distribuição de renda”, afirmou o presidente da confederação, Roberto von der Osten.

Das 27 unidades da federação, 22 tiveram redução de emprego, com destaque para São Paulo (-2.835), Rio de Janeiro (-1.515) e Rio Grande do Sul (-1.088). Entre os estados com saldo positivo, o Pará teve criação de 115 vagas.

O estado com maior saldo positivo foi o Pará, com geração de 115 novos postos de trabalho, seguido pelo Mato Grosso, com 41 novos postos no período.

Mais uma vez, a pesquisa mostra diferença de ganhos entre homens e mulheres. As admitidas em 2015 tinham, em média, salário 19,2% menor que o dos contratados.

Ouça entrevista de Roberto von der Osten à Rádio Brasil Atual.