Ministra diz que proposta para servidores sai em breve

Miriam Belchior, do Planejamento, disse que o governo está fechando as contas. Diversas categorias do funcionalismo estão em greve em todo o país

Protesto em Brasília juntou grevistas de várias categorias, entre eles, servidores da Receita Federal, da Polícia Rodoviária Federal, auditores do trabalho e policiais civis do Distrito Federal (Foto: Valter Campanato/ABr)

Brasília – A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse hoje (8) que o governo está fechando suas contas esta semana para saber que proposta de reajuste poderá apresentar aos servidores. Segundo a ministra, o ano começou com boas perspectivas de recuperação da economia mundial, mas elas não se confirmaram e foi preciso o governo refazer as suas contas.

“Em maio, junho, essa perspectiva ficou meio nublada e isso fez com que o governo tivesse de refazer suas contas. Preferimos, então, fazer uma análise detida para formular uma proposta responsável aos servidores. Estamos finalizando esta semana as nossas contas para ver o que podemos apresentar aos servidores”, disse, após participar do lançamento do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também destacou a situação econômica internacional e disse ter a convicção de que os servidores sob o comando de sua pasta, que estão em greve, têm lideranças que sabem respeitar o direito da população. O ministro disse ainda que a população não pode ser prejudicada pelo movimento dos servidores. “A população não pode sofrer, não pode pagar essa conta, seria um equívoco, portanto, acho que esse diálogo prossegue e irá desembocar em um momento em que o problema se equacione”, disse.

Miriam Belchior disse que é de “atenção absoluta” a posição do governo no sentido de garantir que os serviços continuem sendo prestados aos cidadãos e lembrou o decreto assinado pela presidenta Dilma Rousseff para garantir a continuidade dos serviços durante as greves. O decreto prevê que ministros que comandam áreas em greve possam diminuir a burocracia para dar agilidade a alguns processos e fechem parcerias com estados e municípios para substituir servidores parados.

Tumulto no Palácio

Um grupo de servidores federais protestou hoje em frente ao Palácio do Planalto. Houve um princípio de tumulto quando o grupo, de cerca de 400 pessoas, segundo a Polícia Militar, atravessou a pista em frente ao prédio e tentou chegar à rampa de acesso ao prédio.

A PM tentou conter os manifestantes e a confusão foi dissipada em poucos minutos. O protesto juntou grevistas de várias categorias, entre eles, servidores da Receita Federal, da Polícia Rodoviária Federal, auditores do trabalho e policiais civis do Distrito Federal.

O grupo chegou ao palácio pela Esplanada dos Ministérios, e as pistas ficaram fechadas por cerca de 20 minutos, o que provocou um longo congestionamento em toda a região, normalmente tumultuada no final de tarde e início de noite com a saída de servidores do trabalho.

Banco Central parado

Servidores do Banco Central (BC) paralisaram hoje as atividades por 24 horas. Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Sérgio Belsito, a paralisação conta com a participação de 70% dos servidores que trabalham em Brasília e 90% dos funcionários das outras nove cidades.

O BC não soube informar o número de servidores parados e os serviços prejudicados. De acordo com o banco, a autarquia tem 4.540 servidores, sendo que desse total 2.092 são de Brasília.

Segundo Belsito, apenas o serviço de distribuição de dinheiro está totalmente parado. Foi mantido o atendimento ao público e os demais serviços, como da área de câmbio e de operações com títulos públicos, embora com quantidade reduzida de funcionários.

“A greve de hoje é de advertência. Se não for oferecida nenhuma proposta, será greve por tempo indeterminado”, disse Belsito. A greve pode tempo indeterminado poderá ocorrer a partir do dia 20. Os servidores do BC querem reposição salarial da inflação de 23,01%. De acordo com Belsito, o banco não dá aumento desde 2008.

Rodoviários protestam

Policiais rodoviários federais iniciaram hoje uma operação-padrão que provocou congestionamento e lentidão em trechos rodoviários de quatro cidades do Paraná. Na próxima segunda-feira (13), a categoria fará assembleias em todo o país para avaliar a possibilidade de uma greve nacional, que seria a primeira em toda a história da Polícia Rodoviária Federal (PRF), criada em 1928.

No pico do movimento, por volta das 13h, na BR-116, a concessionária de pedágio Autopista Litoral Sul registrou 21 quilômetros de congestionamento no sentido Curitiba da BR-116 e 16 quilômetros no sentido Palhoça (SC).

Motivado pela ausência de uma proposta de reajuste salarial para a categoria, o protesto foi feito em estradas de Curitiba, Londrina, Santa Terezinha de Itaipu e Foz do Iguaçu. Os servidores da PRF revistaram todos os veículos e verificaram as notas fiscais dos caminhões. A mobilização foi organizada pela Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF).

Em todo o estado, houve apreensões de pelo menos dez veículos e de cargas sem nota fiscal ou outras irregularidades. Na fronteira com o Paraguai, a operação prossegue até amanhã (9).

Em várias localidades do país, como Rio de Janeiro e Guarulhos, na Grande São Paulo, a operação-padrão foi realizada provocando os mesmos resultados.

Os policiais rodoviários podem entrar em greve por tempo indeterminado entre os próximos dias 20 e 24, caso o governo não apresente uma proposta satisfatória à categoria, mas a paralisação pode ser antecipada para a semana que vem.

“Esse calendário é provisório, as assembleias podem aprovar uma greve já com início no dia 14 de agosto”, observou o diretor jurídico do SinPRF-PR, Sidnei Nunes, em entrevista à Agência Brasil. “Por enquanto, o governo não sinalizou nem com uma reposição salarial. Daqui para a frente, vamos intensificar os protestos.”

 

Leia também

Últimas notícias