Resistência

Petroleiros iniciam greve contra venda de refinaria no Ceará

Trabalhadores alegam que venda da Lubnor vai criar um monopólio privado na região, inclusive com risco de desabastecimento de combustíveis

Reprodução/Sindipetro-CE/PI
Reprodução/Sindipetro-CE/PI
Petrobras se reúne com petroleiros em greve nesta quarta-feira

São Paulo – Trabalhadores petroleiros da refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), em Fortaleza, iniciaram uma greve nesta terça-feira (27). A paralisação, que começou pela manhã, é um protesto contra a privatização da Lubnor. Outros dez sindicatos ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) realizaram atos e manifestações em solidariedade aos colegas cearenses.

Os petroleiros alegam que a privatização da Lubnor deve criar um monopólio privado na região, com impactos sociais e econômicos negativos para o Ceará. Além disso, há questões fundiárias pendentes com a prefeitura de Fortaleza.

A Petrobras assinou o contrato para a venda da Lubnor ao grupo Grepar Participações em maio de 2022, durante o governo Bolsonaro. A refinaria foi vendida por US$ 34 milhões, 55% abaixo da estimativa de valor de mercado. A unidade está localizada em um terreno de 400 quilômetros quadrados, sendo que 30% do espaço pertence ao município.

De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí (Sindipetro-CE/PI), a greve na Lubnor é por tempo indeterminado. Os trabalhadores anunciaram a paralisação na semana passada, após decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que aprovou a venda da refinaria.

Os trabalhadores reivindicam reuniões com a Petrobras, o governo do Ceará e a prefeitura de Fortaleza, para tratar das consequências da privatização. De olho nas demandas da categoria, a Petrobras marcou para amanhã uma reunião com os trabalhadores. Governo e prefeitura, no entanto, ainda não se manifestaram.

Risco de desabastecimento

Como resultado do monopólio privado, o presidente do Sindipetro-CE/PI, Fernandes Neto, alertou inclusive para o risco de desabastecimento de combustíveis na região. “Uma empresa privada não tem o compromisso com o abastecimento do mercado interno. Se for mais lucrativo, eles podem preferir exportar. A Petrobras tem como prioridade o abastecimento do mercado interno”, afirmou.

A refinaria conta com mais de 500 trabalhadores e é responsável por cerca de 10% da produção de asfalto no país, além de produzir lubrificantes naftênicos – produto para usos nobres, como isolante térmico para transformadores de alta voltagem, amortecedores para veículos e equipamentos pneumáticos. A refinaria também é responsável por abastecer todos os estados do Nordeste, além de fornecer derivados para os estados do Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins.

“A Lubnor é responsável por entregar às distribuidoras locais óleo diesel, gasolina, querosene de aviação e GLP provenientes de outras refinarias, terminais, transportados até Fortaleza por navios, em operações de cabotagem ou, eventualmente, importação. A venda da Lubnor pode acarretar desabastecimento desses navios, impactando negativamente exportações e importações”, frisou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Com informações da FUP


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