Petroleiros da Bahia se antecipam à decisão nacional e entram em greve

Sindicato tem autonomia em relação à federação, afirma dirigente

São Paulo – Os petroleiros da Bahia se anteciparam à própria FUP, federação nacional da categoria, e decretaram greve a partir desta quarta-feira (16). O Sindipetro local pediu que o Conselho Deliberativo da FUP antecipe sua reunião de terça-feira (22) para sexta (18), para marcar o início da paralisação nacional. Na Bahia, entre outras unidades, fica a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), com capacidade instalada de 323 mil barris por dia. Apesar do movimento, o sindicato afirma que a população não será atingida, já que haverá equipes de contingência para garantir o abastecimento de gás de cozinha.

O coordenador do Sindipetro da Bahia, Paulo César Martin Chamadoiro, reclamou que a empresa não negociou as cotas de produção para atender às necessidades da população, conforme determina a Lei de Greve. “As equipes de contingência teriam de ser formadas em acordo com o sindicato”, afirmou. Ele informou que já foram cortados os turnos nos locais de trabalho.

Quanto à decisão de decretar greve antes das demais entidades, o dirigente afirmou que os sindicatos têm autonomia em relação à FUP. “Os trabalhadores entenderam que tinha de ser feito esse enfrentamento”, disse Paulo César, acrescentando que o Sindipetro baiano encaminhou à federação um pedido de antecipação do Conselho Deliberativo. Em decisão tomada na segunda-feira, a FUP indicou a rejeição de nova contraproposta da Petrobras e marcou reunião para a terça que vem, para avaliar o resultado das assembleias e marcar a data da greve.

A FUP informou que foram realizadas assembleias, além da Bahia, no Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. À meia-noite desta quarta, está prevista assembleia na Refinaria do Planalto (Replan), em Paulínia (SP). Todas têm rejeitado a nova contraproposta da Petrobras, que, segundo a FUP, “não apresenta avanços significativos em relação às reivindicações sociais da categoria, principalmente no que diz respeito a saúde e segurança”. Na questão econômica, a empresa elevou a oferta de 9% para 10,71% de reajuste na data-base (1º de setembro).

A Petrobras divulgou nota na qual “esclarece que as mobilizações das entidades sindicais não afetam nem a produção nem as operações da empresa”, afirmando ainda que a mesa de negociação é o melhor caminho para manter o diálogo. “Esse processo tem garantido o bom relacionamento entre as partes e a companhia nos últimos anos”, diz a nota. “A companhia está propondo um reajuste de 10,71%, entre outros itens econômicos, e diversos em SMS (segurança, meio ambiente e saúde), no plano de saúde dos empregados, entre outras cláusulas sociais. A Petrobras aguarda manifestação favorável dos empregados em relação à proposta.”