Nuvens escuras

Desvincular o mínimo da inflação vai ser o fim da aposentadoria, afirma Sindicato dos Aposentados

Presidente da entidade prevê que a ideia, já admitida por Paulo Guedes, será realidade se Bolsonaro for reeleito: “Achatamento, pobreza total”

Marcelo Camargo
Marcelo Camargo
"Vai chegar o tempo de não podermos comprar nem metade da cesta básica", afirma dirigente sindical

São Paulo – Na opinião do presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), João Inocentini, o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de desvincular o salário mínimo da inflação a partir do próximo ano, aponta para um cenário desolador para os aposentados. Isso porque, em decorrência da medida, a aposentadoria também deixaria de ser automaticamente reajustada. “Se isso acontecer vai ser o fim da aposentadoria, vai chegar o tempo de não podermos comprar nem metade da cesta básica”, disse o dirigente ao colunista do portal UOL Chico Alves.

“Eles estão tentando fazer isso há tempos e nós estamos conseguindo segurar. Mas em um novo governo (de Jair Bolsonaro) certamente vão querer botar em prática”, prevê. O plano de Guedes foi revelado em reportagem de ontem (20) da Folha de S.Paulo, que teve acesso à proposta. Outros veículos, como o g1, já confirmaram o projeto. Pela proposta, a correção seria calculada a partir da “expectativa de inflação”, ou seja, pela meta inflacionária estabelecida pelo próprio ministério. O que significa corrigir os benefícios abaixo das perdas inflacionárias, já que a meta dificilmente é alcançada.

“Isso vai levar todas as aposentadorias para um achatamento enorme”, avalia Inocentini. Segundo ele, “seriam mais de 40 milhões de aposentados caindo na zona de miséria, de pobreza total”. O sindicalista disse também acreditar que o atual governo sempre quis fazer essa mudança.

“Era uma miséria”

Na entrevista ao UOL, o dirigente disse que o salário mínimo “era uma miséria” antes de o governo Lula firmar acordo com o movimento sindical para a indexação à inflação, acompanhado de aumento real, calculado com base na variação do PIB. “A gente já viveu essa história e não deu certo. Depois da vinculação, as pessoas passaram a ter um ganho melhor, a consumir mais e o país não quebrou, como disseram que iria quebrar”, lembra? “Se eles vencerem a eleição, vão implantar isso aí. Assim como não vão segurar o preço da gasolina”, adverte. “O eleitor tem que pensar bem e decidir o que quer”, prossegue Inocentini.

Com Bolsonaro, o salário mínimo perdeu poder de compra e o trabalhador aumentou a jornada para adquirir cesta básica. O plano de congelar o piso é coerente com o que o foi a “política” do atual governo para o piso nacional (leia aqui). 

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