Autônomos

‘Não tem mais como suportar’, diz caminhoneiro em greve

Trabalhadores que protestam contra a alta dos combustíveis reclamam que estão sendo coagidos por policiais a não se manifestarem

Thomaz Silva/Agência Brasil
Thomaz Silva/Agência Brasil
Governo move aparato judicial e policial para impedir bloqueios na rodovias

São Paulo – Desde o início da madrugada, caminhoneiros autônomos estão parados em diversos pontos do país. Os trabalhadores em greve querem mudança na política de preços da Petrobras, que tem levado à explosão dos preços dos combustíveis. Além disso, reivindicam a constitucionalidade do piso mínimo do frete, que está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF), e pedem a volta da aposentadoria especial para a categoria.

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL-CUT) e o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), paralisações foram registradas em Itapevi, interior de Minas Gerais, e em Ijuí, interior do Rio Grande do Sul.

“A coisa pegou, porque não tem mais como suportar”, disse o diretor da CNTTL-CUT, Carlos Alberto Litti Dahme, no entroncamento das rodovias BR 285 E RS 242, em Ijuí. Segundo ele, “os caminhões que ainda estão rodando, ao chegarem aqui são convidados, democraticamente, a aderirem ao movimento. E têm parado, têm vindo junto”.

Caminhoneiros também pararam às margens da Via Dutra, perto de Barra Mansa (RJ) e às margens da BR-153, próximo a Goiânia. Houve tentativas de bloqueios nessas rodovias, que foram evitadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

O Ministério da Infraestrutura informou que “não há registro de nenhuma ocorrência de bloqueio parcial ou total em rodovias federais ou pontos logísticos estratégicos”. Mas os caminhoneiros em greve denunciam que estão sendo acuados pelos policiais.

Em diversas partes do país, trabalhadores reclamam que estão sendo impedidos de permanecerem nas margens das rodovias. Até mesmo faixas e cartazes em apoio à greve estão sendo apreendidas pelos policiais.

Em 20 estados, a União conseguiu concessão de liminar na Justiça para evitar bloqueios, sendo autorizada, inclusive, a usar a força se necessário. Em alguns estados, a Justiça Federal determinou a aplicação de multas aos caminhoneiros que descumprirem a ordem judicial.

Caminhoneiros em greve denunciam repressão

No porto de Santos, no litoral paulista, houve confronto entre policiais e grevistas, que foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo durante a madrugada. Mesmo sem bloqueios, os trabalhadores informam que foram impedidos de se manifestar nos arredores das vias que dão acesso ao terminal portuário.

“Não é a minha opinião, está escrito no papel. Diz que os senhores não podem, nem que seja uma pessoa sozinha, por exemplo ele, no meio da rodovia ou 500 metros após a rodovia, estar com uma bandeira “eu apoio a ‘greve dos caminhoneiros’, não pode ficar”, disse uma policial nos arredores do porto.

“Sem qualquer ilegalidade por parte dos manifestantes, o Governo usa da Força de forma abusiva para desmobilizar articulação das paralisações dos caminhoneiros. Embora chamados a conversar, os policiais alegaram não ter o que conversar, não quiseram se identificar e imotivadamente atiraram bombas de gás nos manifestantes para impedir o movimento”, protestou a CNTRC.