Negociação prossegue

Bancos insistem em reajuste abaixo da inflação. Bancários rejeitam e já falam em greve

Categoria reprova proposta que não repõe perdas e muda regras da PLR

Contraf-CUT
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Nova rodada de negociação nesta sexta-feira: bancários afirmam que não aceitarão proposta com perda salarial

São Paulo – Mais uma reunião entre representantes dos bancários e dos bancos, nesta sexta-feira (26), terminou sem acordo. A representação patronal insistiu em proposta de reajuste inferior à inflação do período. Com isso, os trabalhadores estão aprovando estado de assembleia permanente. Ou seja, eles podem se reunir a qualquer momento, inclusive hoje, se houver novidade nas negociações.

De acordo com o Comando Nacional dos Bancários, a proposta feita hoje pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) corresponde a 75,8% do INPC, estimado em 8,88%. Isso corresponderia a uma perda real em torno de 2% nos salários. Nas redes sociais, os empregados espalharam a hashtag #PaciênciaNoLimite. A orientação para as assembleias foi de rejeição. Já foram feitas 17 reuniões nesta campanha salarial – a categoria tem data-base em 1º de setembro.

Fenaban propõe retrocesso

“Com uma proposta de reajuste sem aumento real, com reajuste do vale alimentação apenas pela inflação geral, sem considerar a inflação dos alimentos, e retirada de direitos na PLR (participação nos lucros ou resultados), os bancos jogam a categoria para a greve”, afirmou o presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando Nacional.

Ontem (25), a Fenaban elevou a proposta para a PLR e aceitou reajuste com base em 100% do INPC-IBGE. Mas quer fazer o pagamento descontando dos programas próprios dos bancos, o que os sindicalistas chamam de retrocesso. “Compensar programas próprios na parcela adicional da PLR, além de reduzir os valores pagos como PLR, deixa os trabalhadores reféns das metas abusivas, porque os valores pagos como programas próprios dos bancos estão atrelados ao cumprimento das metas impostas por eles, enquanto que a PLR tem suas regras clausuladas na convenção coletiva”, reagiu a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, também da coordenação do Comando Nacional.

Lucros e demissões

Os representantes dos bancários lembram que as empresas tiveram ganhos recordes em 2021, ao mesmo tempo em que continuaram fechando postos de trabalho. Assim, apenas os quatro maiores

Em 2021, os bancos tiveram lucros recordes às custas de árduo trabalho da categoria. Os quatro maiores bancos (BB, Bradesco, Itaú e Santander) tiveram lucro líquido de R$ 90,5 bilhões, enquanto cortaram 12 mil vagas em dois anos. “Essa política cria agências lotadas, filas enormes, trabalhadores adoecidos e a população sem atendimento adequado”, afirmam os sindicalistas.