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Bancários e empresas retomam negociações em busca de acordo salarial

À tarde, negociações chegaram a ser consideradas concluídas, mas foram retomadas horas depois

Contraf-CUT
Contraf-CUT
A bancada dos trabalhadores afirma que acordo passa por ganho acima da inflação

São Paulo – A três dias da data-base, o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) voltaram à mesa de negociação, na noite de ontem (29). A reunião avançou até a madrugada, mas ainda sem avanço. Os representantes dos trabalhadores reafirmam que não aceitarão proposta sem aumento real.

Durante a tarde, a Fenaban havia apresentado aquela que seria a “proposta final”, com reajuste abaixo do INPC, prontamente rejeitada. Com isso, o Comando já estava reunido para começar a discutir a organização de possível greve, quando seus representantes foram chamados para retomar a negociação, após as 19h.

Mais de 98% contra

Na última sexta-feira (26), assembleias por todo o país rejeitaram a proposta dos bancos. De acordo com a Confederação Nacional os Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), foram 98,47% dos votos pela reprovação. Também foi aprovado estado de “assembleia permanente”, para avaliar possíveis propostas.

A dificuldade das negociações foi justamente o tema da entrevista de sábado (27) da secretária de Formação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Érica de Oliveira, ao programa Revista Brasil TVT, que vai ao ar nos fins de semana. Ela lembrou que a pauta foi entregue há mais de dois meses, e até agora a Fenaban resiste a apresentar uma proposta com reajuste acima da inflação acumulada até agosto, véspera da data-base.

PLR e inflação

Mesmo na questão da participação nos lucros ou resultados (PLR), apesar da aceitarem pagar aumento pela inflação, a proposta dos bancos incluiu uma “pegadinha”, lembrou Érica. Assim, as empresas descontariam os programas próprios das empresas do valor total. Além disso, ela observou que a inflação dos alimentos é muito maior que o índice geral.

Nas reuniões, o setor patronal fala em despesas com folha de pagamento (apenas as tarifas cobrem esse custo, observou a diretora do sindicato) e até da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). “Os argumentos deles não param em pé. Não tem justificativa razoável (para negar aumento real). Os bancários cumpriram suas metas. O grau de adoecimento da categoria é bastante grande”, lembra Érica, citando o crescimento de doenças de ordem emocional (como esgotamento, síndrome do pânico e depressão).

As discussões também mostram possibilidade de avanço em relação ao teletrabalho, segundo ela. No final da campanha de 2020, por exemplo, foram acertadas convenções específicas sobre o tema. Agora, o Comando Nacional tenta assegurar ao menos uma cláusula, chamada de “guarda-chuva”, para depois, se for o caso, debater banco a banco.



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