Ato por isenção de imposto sobre PLR reúne 12 mil na Anchieta

A proposta de bancários, químicos e metalúrgicos é de isenção de tributação para valores até R$ 8 mil. Sindicalistas se reúnem com o governo nesta quinta

Ato na Anchieta pela manhã; segundo sindicalistas, foi uma demonstração da mobilização (Foto: Gerardo Lazzari/Sindicato dos Bancários de São Paulo)

São Paulo – Passeata organizada por sindicatos de três categorias contra a cobrança do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) sobre o pagamento de participação nos lucros ou resultados (PLR) mobilizou cerca de 12 mil trabalhadores nesta quarta-feira (30) na Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A estimativa é da Polícia Militar, presente ao ato, que mostrou a disposição de várias categorias profissionais –  como metalúrgicos, bancários e químicos – para manter a mobilização.

A manifestação ocorreu um dia antes de uma comissão de representantes dos trabalhadores entregar ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), abaixo-assinado com cerca de 200 mil assinaturas, pedindo a isenção do tributo e cobrando agilidade na tramitação do projeto dos deputados Ricardo Berzoini e Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ambos do PT de São Paulo.

De acordo com a tabela atual, há isenção para valores até R$ 1.566,61. Já para o trabalhador que recebe acima de R$ 3.911,63 – média de PLR obtida pelas categorias em acordo coletivo – é cobrada a alíquota máxima do IR, de 27,5%. Quem recebe PLR de R$ 4 mil, atualmente, paga R$ 376,05 de imposto na folha de pagamento, com 9,4% de alíquota efetiva. A proposta dos dirigentes dos sindicatos dos bancários de São Paulo, metalúrgicos do ABC e de São Paulo e químicos do ABC e de São Paulo é ampliar a isenção de alíquota para faixas até R$ 8 mil – e acima deste valor que se apliquem as respectivas alíquotas. A faixa máxima seria de R$ 20.250,01.

Paulo Lage, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, lembra que no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, manifestações do tipo obtiveram bons resultados. “Há um tempo, no início do mandato de Lula, fizemos atos semelhantes pedindo a revisão da tabela do Imposto de Renda e valorização do salário mínimo. Passos já foram dados”, lembrou. “É preciso que haja uma ação efetiva contra a tributação, para que não prejudiquem só os pobres.” 

As categorias, que recebem o benefício no mês de dezembro, querem que a PLR tenha o mesmo tratamento dos dividendos (parcela de lucros) dos acionistas, que não sofrem cobrança de imposto.

Para Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o ato foi um bom exemplo do que o governo pode esperar em termos de pressão para que a reivindicação seja atendida. “Nós iremos pressionar e manter os trabalhadores organizados e mobilizados enquanto durarem as negociações. Vamos colocar nossa proposta e aguardar se haverá alguma contraproposta do governo, para então avaliar os rumos do movimento”, afirmou.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, mostrou otimismo ao ver o grande número de trabalhadores presentes à manifestação. “Nossa expectativa é de que o governo e o Congresso se sensibilizem ao ver esse ‘mundão’ de trabalhadores, todos lutando por uma distribuição de renda mais justa.”

Apoio dos trabalhadores

Segundo o sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a média paga pelas montadoras da região em PLR é de R$ 12 mil, faixa que incide a alíquota máxima do IRPF (27,5%). Metalúrgico da Scania de São Bernardo do Campo há 15 anos, Daniel dos Santos Lima é otimista sobre os impactos da manifestação nas próximas decisões do governo. “Pesa muito, e chega a ser frustrante receber um dinheiro que deveria ser de lucro aquém do que conquistamos em acordo coletivo. Mas estamos aqui, de qualquer forma, apostando em que isso mude.”

O ato seguiu até o destino planejado inicialmente, perto do quilômetro 20 da rodovia Anchieta, sem problemas com o trânsito e com a Polícia Militar.