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Após greve de 72 horas, policiais federais retornam ao trabalho amanhã

Representantes dos servidores se reúnem na segunda-feira (17) com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência

Fenapef

Com marcha realizada ontem (12) em Brasília, policiais denunciaram a ineficiência do sistema criminal

São Paulo – Policiais federais encerram hoje (13) uma paralisação nacional que durou três dias. E na segunda-feira (17) representantes dos servidores vão se reunir com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, segundo informou a Fenapef, federação nacional da categoria. Também está previsto encontro no Ministério do Planejamento no dia seguinte.

“Nossas reivindicações não são apenas por reajuste salarial, é uma questão muito ampla. Fazer chegar ao ministro as dificuldades enfrentadas pelos policias federais, após diversas manifestações, é muito positivo. Acreditamos em um bom desfecho, ou pelo menos em um primeiro passo para solucionar nossos problemas”, disse o vice-presidente da Fenapef, Luís Boudens.

Desde janeiro, os policiais federais têm apresentado diversas denúncias sobre um suposto sucateamento por que estaria passando a estrutura da PF. O Ministério da Justiça e a direção da órgão, procurados pela reportagem, informam por meio de assessorias que “não se manifestam sobre movimento grevista ou paralisações”.

Entre os problemas emergenciais estariam o efetivo insuficiente de servidores para atuar no trabalho de policiamento de fronteiras e no combate ao crime organizado. Segundo os policiais, há trechos de fronteira no Brasil com 300, 400 quilômetros com a atuação de um único agente federal.

A entidade reclama ainda que servidores sem experiência operacional em campo estão sendo indicados por critérios políticos para planejar e coordenar a segurança da Copa 2014 e que trabalhadores terceirizados, sem conhecimento e treinamento, estão sendo contratados para atuar em aeroportos.

A paralisação desta semana é a quarta atividade organizada, neste ano, pelos policiais federais. Em 7 de fevereiro, penduraram algemas em um ato simbólico, em Brasília, para denunciar um “boicote” do Ministério da Justiça – ao qual responde a Polícia Federal – a agentes, escrivães e papiloscopistas, com a falta de investimento e reconhecimento profissional. Quatro dias depois, fizeram paralisação nacional e manifestações em diferentes estados com a utilização de macas, ambulâncias, máscaras e balões de oxigênio, com o título “PF na UTI”. E nos dias 25 e 26 do mês passado pararam por 48 horas e protestaram com o uso de mulas diante de unidades da PF, como uma sátira à gíria utilizada para se referir a pequenos traficantes.

Segundo a Fenapef, em 2002, os salários de policiais federais estavam no mesmo patamar dos auditores da Receita Federal e hoje equivale à metade. Eles afirmam que a categoria está há sete anos sem reajuste e que sem valorização salarial a Polícia federal se tornou um “trampolim” para outras carreiras, perdendo a capacidade de fixar os concursados.

Com a marcha dos elefantes brancos, realizada ontem (12) em Brasília, os policiais denunciaram o que chamam de ineficiência do sistema criminal e do inquérito policial no país. Eles se baseiam em pesquisa feita com base na Lei de Acesso à Informação e em dados consultados do Sistema Nacional de Informações Criminais (Sinic), que segundo a entidade da categoria mostra que entre 2010 e 2013, o número de indiciados pela Polícia Federal em todo o país caiu de 46.502 para 18.325. E de indiciados em crimes de tráfico de drogas sofreu redução de 5.590 para 3.369.

Segundo pesquisa de 2013 divulgada pela Fenapef, 90% dos policiais sentem-se subaproveitados na corporação, 70% consideram ter a saúde afetada com o trabalho e 30% admitem tomar medicamento controlado, passando por tratamento psicológico e/ou psiquiátricos.

A Fenapef defende a instalação de uma carreira única na PF e apoia a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 51/2013, do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que modifica toda a estrutura de segurança pública e estabelece a desmilitarização das policias. A entidade representa aproximadamente 20 mil policiais federais. Agentes, escrivães e papiloscopistas representam cerca de 80% dos servidores.