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Alckmin avisa que vai recorrer de decisão que readmite metroviários em São Paulo

Governador reafirma que greve foi 'violenta' e 'prejudicou população', ignorando despacho do juiz, para quem Metrô não conseguiu comprovar depredações ou piquetes

Ale Vianna/Brazil Photo Press/Folhapress

Alckmin cumpriu agenda de campanha com os tucanos Aécio Neves e José Serra na capital

São Paulo – O governador de São Paulo e candidato à reeleição pelo PSDB, Geraldo Alckmin, disse hoje (29) que irá recorrer de decisão da 34ª Vara do Trabalho de São Paulo que na quarta-feira (27) mandou o Metrô readmitir dez trabalhadores desligados da empresa após greve da categoria. “Vamos recorrer”, avisou, brevemente, após oferecer uma palestra sobre “justiça” na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção São Paulo, no centro da capital.

“Foram 40 demitidos, que defendemos que não sejam readmitidos”, emendou. Na realidade, o governo do estado, que controla o Metrô de São Paulo, ordenou a demissão de 42 funcionários após a paralisação parcial do sistema por quatro dias, entre 5 e 9 de junho. Um mês depois, porém, dois foram reincorporados, uma vez que haviam sido punidos “por engano”. Em julho, a RBA publicou conteúdo de documentos oficiais do Metrô que demonstram a fragilidade das demissões, agora ratificadas pela justiça do trabalho.

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Ao comentar a recente decisão judicial, o tucano pareceu ignorar o conteúdo do despacho assinado pelo juiz Thiago Melosi Sória, para quem não existem provas de que os dez metroviários readmitidos tenham interrompido circulação de trens, impedindo violentamente a entrada de funcionários em serviço e depredado estações, como alegam diretores da empresa. O magistrado observou ainda que o Metrô não conseguiu individualizar condutas, o que é necessário para punir seus empregados.

“Tivemos um movimento grevista violento”, reforçou Alckmin, contrariando o juiz e repetindo discurso que vem adotando desde o início da greve. “Também houve grande prejuízo à população”, completou, sem mencionar seu rechaço à proposta do Sindicato dos Metroviários, que queria abrir as catracas em vez de paralisar o serviço, justamente para não prejudicar os passageiros.

O governador se recusou a comentar outros aspectos da decisão, dizendo apenas que as demissões devem ser verificadas “caso a caso”. No texto, o juiz Melosi Sória enxergou “vício formal” nas dispensas e constatou que as provas produzidas pelo Metrô “não revelam a prática das faltas graves atribuídas aos empregados dispensados”. Por isso, o magistrado conclui que “há grande probabilidade de acolhimento, na decisão final, do pedido de declaração de nulidade das dispensas”.