‘Vivemos período da ditadura do mercado’, diz economista da Unicamp

Na abertura de seminário internacional do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, professor destacou Brasil como país que enfrentou a crise financeira de 2008 de modo exemplar

Juvandia Moreira lembrou da importância da articulação do sindicalismo em nível mundial (Foto: Maurício Morais/Sindicato dos Bancários)

São Paulo – O diretor do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), do Instituto de Economia da Unicamp, José Dari Krein, afirmou ontem (25) que “vivemos um período bastante longo da ditadura do mercado, do pensamento único”, referindo-se aos desafios do sindicalismo diante da crise econômica internacional atual. Durante abertura de seminário internacional promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o pesquisador afirmou que, a partir da crise financeira de 2008, o momento internacional é paradoxal, pois a crise foi provocada pelo modo como se organizou o capitalismo na década de 1980, baseado na desregulamentação do capital e “na ideia de que o mercado é o promotor do desenvolvimento e que tem de se enfraquecer seus mecanismos de controle.”

Foi destacado por ele o papel do Brasil no cenário da crise. De acordo com Dari, o país teve condições de enfrentar a crise devido à importância do mercado interno e da ação pública. “Os bancos públicos foram fundamentais para o governo poder alavancar o crédito e não permitir que a economia entrasse numa recessão mais profunda”, comentou.

A presidenta do Sindicato dos Bancários, Juvandia Moreira, ressaltou, na abertura do evento, a importância de se pensar a articulação dos sindicatos em nível mundial. “Neste momento em que completamos 90 anos, nos dedicamos a refletir sobre o papel da entidade e do movimento sindical no mundo. E pensar também o quanto é importante não só estarmos organizados no Brasil, mas articulados com os trabalhadores de todo o planeta.”

Além de Juvandia, compuseram a mesa de abertura do evento o secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, o secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mário Raia, e o assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República José Lopez Feijóo. O seminário “O Papel dos Sindicatos na Construção da Democracia” traz dirigentes de Chile, Colômbia, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Angola como participantes das mesas.

Dirigente sindical dos bancários e organizadora do evento, Rita Berlofa ressaltou que o papel do sindicato, no cenário da crise internacional, é mais importante que nunca. “Precisamos restabelecer a democracia dos trabalhadores. Mesmo numa sociedade que se diz democrática, vemos que as relações de trabalho ainda não estão democratizadas, há muito o que avançar”, disse à Rádio Brasil Atual

Hoje a programação conta com as mesas “O papel do sindicato na crise” e “Sindicalismo e democracia”. Confira aqui a programação completa.