Herança

Ministério da Saúde denuncia falta de vacinas contra a covid para crianças. ‘Vamos resolver’

Diante da chegada de uma nova variante, ainda mais transmissível, pasta estuda antecipar campanha para garantir doses de reforço para toda a população

Walterson Rosa/MS
Walterson Rosa/MS
Para as faixas etárias acima de 12 anos, não faltam imunizantes, mas há problemas na distribuição. 100 milhões ainda não tomaram reforço

São Paulo – A secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, denunciou em coletiva nesta sexta-feira (6) desabastecimento de vacinas infantis contra a covid-19 no país. Em função disso, a pasta negocia antecipar a chegada de novas doses pediátricas da Pfizer. Assim, hoje o ministério realizou duas reuniões com representantes da farmacêutica para resolver a falta dos imunizantes.

“Recebemos o ministério com desabastecimento de vacinas pediátricas, infantis. E recebemos com abastecimento de vacinas adultas”, relatou a secretária. A entrevista ocorreu na sede da pasta, em Brasília. Devido à falta dos imunizantes para o público infantil, capitais como Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro suspenderam a vacinação das crianças nos últimos dias. “Vamos resolver o problema”, acrescentou.

Desse modo, o ministério busca acelerar a entrega de 3,2 milhões de vacinas para crianças de seis meses a quatro anos, e outras 4,5 milhões de doses para o público de cinco a 11 anos, que estavam previstas para o fim de janeiro.   

Além disso, a pasta pretende restabelecer o contrato com o Instituto Butantan para atender ao público infantil a partir dos três anos de idade. “Recebemos o governo com contrato do Butantan paralisado”, criticou Ethel Maciel. “Estamos negociando, porque a Coronavac é fundamental para que a gente possa acelerar o abastecimento de estados e municípios, principalmente no público de três anos em diante”, destacou.

Para as faixas etárias acima de 12 anos, há imunizantes suficientes, mas há problemas na distribuição. Ela denunciou “gargalos” deixados pelo governo anterior na distribuição de vacinas e na interlocução com estados e municípios. “Precisamos restabelecer esses fluxos, que ficaram muito confusos”, disse a secretária. “A missão do ministério é restituir esse diálogo com as unidades de federação”, acrescentou. 

Cobertura vacinal e nova variante

A epidemiologista também criticou a baixa cobertura vacinal, outra herança deixada pelo governo Bolsonaro, que apostou no negacionismo científico. Passados dois anos do início da vacinação contra a covid no Brasil, menos de 80% da população está vacinada com pelo menos duas doses. Já os que receberam pelo menos uma dose de reforço não chegam a 50%. Assim, falta aplicar o reforço em ao menos 100 milhões de pessoas. 

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Diante da identificação, na quarta (4), do primeiro caso no Brasil da XBB.1.5, ramificação da variante ômicron, a Ethel Maciel disse que a prioridade é vacinar as pessoas com doses em atraso. O ministério também estuda antecipar uma nova campanha de vacinação. A previsão é de que a campanha seja executada em abril, junto com o início do período anual de vacinação contra a gripe.

A XBB.1.5 é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a variante mais transmissível da covid-19 já identificada até o momento. Nos Estados Unidos e em outros países, ela já é dominante, e vem causando nova elevação no número de casos da doença e começa a preocupar os serviços de saúde do país.

“Recebemos a informação de que a variante está circulando e a amostra é de novembro. Vamos discutir com a Câmara Técnica. O que temos sobre a XBB.1.5 é a alta transmissibilidade e queremos retomar esses esquemas vacinais com pessoas com dose em atraso”, disse Ethel Maciel.