Alerta de circulação

São Paulo identifica primeiros casos da nova subvariante da ômicron

A nova cepa BQ.1 é associada ao recente aumento de casos de covid em vários países. Atraso na vacinação de bebês e crianças no Brasil também desperta preocupação. Para Gonzalo Vecina, governo Bolsonaro mais uma vez se ausenta de proteger a população

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
"Há ausência do governo federal para proteger a população brasileira, o que tem sido a regra desde o início dessa pandemia", critica Vecina

São Paulo – A Secretaria de Saúde de São Paulo (SES-SP) detectou os primeiros casos da subvariante Ômicron BQ.1 no estado. De acordo com nota divulgada pela pasta na noite dessa segunda-feira (7), duas pessoas do município de São Paulo testaram positivo para a sublinhagem que vem sendo associada ao recente aumento de casos de covid-19 na Ásia, Europa e nos Estados Unidos. 

A confirmação da variante foi feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) por meio de sequenciamento genético. Os casos estão agora sob investigação epidemiológica das vigilâncias municipal e estadual. Mas, além de São Paulo, estados como Amazonas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro também já detectaram a cepa. A secretaria de saúde afirma que “as medidas já conhecidas pela população seguem cruciais para combater a pandemia do coronavírus: higienização das mãos (com água e sabão ou álcool em gel); e a vacinação contra a covid”, destaca a SES. 

O uso de máscaras e a realização de testes para confirmar o diagnóstico também são reforçados pela pasta. A preocupação da secretaria, porém, é também em relação a uma parcela da população que está em atraso na vacinação. Ou que não fez as doses de reforço da vacina contra a doença do coronavírus. Essa parcela está mais suscetível tanto a ser infectada pelo vírus como ter uma apresentação mais grave dele. 

Atraso na vacinação de bebês

Outro temor é com relação à saúde dos bebês e crianças pequenas de seis meses a 2 anos e 11 meses, que ainda não foram atendidos pela vacinação. Desde o dia 16 de setembro, o governo de Jair Bolsonaro (PL) recebeu o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comprar um imunizante da Pfizer que atende ao grupo. A farmacêutica já entregou 1 milhão de doses ao governo federal. 

No entanto, quase dois meses depois, os bebês e crianças pequenas ainda não foram incluídas na cobertura vacinal. Inicialmente, o Ministério da Saúde alegou que apenas crianças com casos de comorbidades seriam atendidas. O grupo, contudo, também segue fora do calendário. 

“O governo federal é o responsável pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Mas até agora não há distribuição e nem chamamento para a vacinação. Há ausência do governo federal para proteger a população brasileira. O que tem sido a regra desde o início dessa pandemia”, contesta o médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Gonzalo Vecina, ex-diretor da Anvisa. 

Descaso do governo Bolsonaro

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, na edição desta terça (8), Vecina destaca que o atraso do ministério é irresponsável. Ele observa que uma média de quase duas crianças vem morrendo por dia no Brasil por falta de imunização contra a covid. Além disso, o governo Bolsonaro também não mostrou nenhum movimento para  garantir a distribuição de vacinas mais modernas, as bivalentes, produzidas recentemente e que possuem como alvo principal a variante ômicron. 

“O governo nem sequer pensa em comprar esse tipo de vacina que é produzida pela Pfizer. O governo está ‘na rede’. Sem se preocupar com essa nova vacina que pode reduzir ainda mais a mortalidade, porque protegeria pessoas mais indefesas, como os portadores de comorbidades e os mais idosos”, explica o especialista. Ele conclui que, diante do atual cenário, a população deve continuar se protegendo, tomando as doses de reforço e usando máscaras. 

Vecina lembra que a covid já deixou sua fase epidêmica, com muitos casos, mas ela ainda é endêmica, com número de diagnósticos mais baixo, porém, em descuido, pode voltar a subir. O que exigirá reforço constante na imunização, como já ocorre na vacinação contra a gripe. “É importante tomar cuidado. Não precisa pôr máscara andando na rua. Mas se você entra em um ambiente fechado, com pouca circulação de ar e faz parte do grupo de risco, proteja-se. Não tenha vergonha de usar máscara, ela veio para ficar. Além disso, sempre que ficarmos com resfriado, tosse, temos que proteger os outros da gente. Sair de máscara é um comportamento civilizado”.

Confira a entrevista

Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima


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