Bom exemplo

Treze é o número de sorte de José Carlos Alcântara Moraes. Foi com essa idade que ele começou a ter aulas no espaço mantido na comunidade do Caju pela Fundação […]

Treze é o número de sorte de José Carlos Alcântara Moraes. Foi com essa idade que ele começou a ter aulas no espaço mantido na comunidade do Caju pela Fundação Gol de Letra. Criada há mais de dez anos pelos ex-jogadores Raí e Leonardo, a instituição sem fins lucrativos mantém unidades educativas também em Niterói e São Paulo­. Despertou a atenção do garoto o aspecto mais óbvio: o gosto pelo esporte que é paixão nacional. “Me interessei muito porque pensava­ que era uma escolinha de futebol. Daí fui ver que não era só isso. Tinha várias oficinas que, hoje sei, são muito importantes para mim”, afirma Zé Carlos. Ele participou de oficinas de informática, tornou-se “fanzaço” da biblioteca local – porque “ela ensina a gente a ficar mais esperto nos poemas” – e começou a praticar esportes que nunca havia experimentado, como basquete, vôlei e handebol. Foi muito além das peladas.

O bairro do Caju, zona norte do Rio de Janeiro, com baixo Índice­ de Desenvolvimento Humano (IDH), tem metade de sua população formada por crianças e jovens. É para esse público que a Gol de Letra desenvolve o projeto Jogo Aberto, composto­ por quatro programas: Comunidades, que presta assistência social­ para os jovens e suas famílias; Gol de Letrinhas, com aulas­ de leitura, escrita e informática; Jogos do Mundo, que busca o desenvolvimento­ social, corporal e intelectual por meio do estudo­ e da prática esportiva e recreativa; e o Mensageiro da Água, que estimula a conscientização das crianças em relação à situação ambiental da comunidade.

Seu bom desempenho nas aulas e oficinas fez como que fosse selecionado para uma viagem cultural de dez dias pela França. “Eles escolheram os alunos mais esforçados daqui e de São Paulo. Conhecemos­ Paris, o Louvre, a Torre Eiffel, Lyon… Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Antes eu era muito tímido. Voltei mais maduro e aberto. Estou na 8ª série e já sei que quero fazer um curso profissionalizante de desenho. O que eu aprendi aqui deve me ajudar”, comemora o adolescente.

Com mais experiência, sua responsabilidade agora aumentou. Ao completar 15 anos, foi selecionado para uma vaga de monitor do programa Jogo Aberto. “Durante três dias por semana ajudo os professores, faço o que eles pedem, organizo os materiais, olho as crianças. Mas o mais importante, e o que eles mais cobram de mim, é que eu seja um bom exemplo para elas.”