luta pela democracia

Suspensão do impeachment surpreende Dilma durante ato: ‘Tenham cautela’

“Não tenho essa informação oficial. Não podia fingir que não estava sabendo. Não sei as consequências. Vivemos uma conjuntura de manhas e artimanhas”, afirmou a presidenta

Roberto Stuckert Filho/ PR

Dilma, durante a cerimônia: “Alguém na eleição de 2014 votou para diminuir as verbas na educação?”

São Paulo – Em cerimônia que oficializou a criação de mais cinco universidades federais, a presidenta Dilma Rousseff foi surpreendida com a notícia da suspensão da anulação do processo de impeachment pelo presidente da Câmara em exercício, deputado Waldir Maranhão (PP-MA). “Não tenho essa informação oficial. Não podia fingir que não estava sabendo. Não sei as consequências. Tenham cautela. Vivemos uma conjuntura de manhas e artimanhas”, afirmou.

A presidenta voltou a dizer que está sendo vítima de um golpe e que os que afirmam se tratar de um processo legal subestimam a capacidade de compreensão da população. “Para ter impeachment, tem que ter crime de responsabilidade.” Ela afirmou também que o golpe é contra medidas como o Prouni, por exemplo. “Alguém na eleição de 2014 votou para diminuir as verbas na educação? Alguém aqui votou para que a gente tinha que focar (os programas sociais) só em 5% dos pobres?”

Interrompida pela plateia, que gritava as palavras de ordem “Ocupa e resiste”, a presidenta previu “disputa dura e cheia de dificuldades”, pediu tranquilidade aos parlamentares e prometeu resistir. “É fundamental que a gente perceba que as coisas não se resolvem assim. Vai ter muita luta. Vai ter muita disputa. É um golpe contra várias coisas que a democracia propiciou para nós todos,” disse Dilma.

Por fim, ela destacou que a luta contra o impeachment ilegal é também a luta pela democracia. “A minha disposição de lutar passa por ter clareza que agora, mais do que nunca, precisamos defender a democracia, lutar contra o golpe e todo esse processo extremamente irregular.”

Quarenta novos campi

Dilma assinou hoje (9), em cerimônia no Palácio do Planalto, projeto de lei que cria cinco universidades federais. Em Goiás, as de Catalão e de Jataí, nos municípios do mesmo nome; em Parnaíba (PI), a do Delta do Parnaíba; em Araguaína (TO), a do Norte do Tocantins; e em Rondonópolis (MT), a de Rondonópolis. As novas universidades vão se juntar às 63 existentes, entre as quais as 18 criadas desde 2003.

Na mesma cerimônia, a presidenta e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, inauguram 224 obras em 38 universidades federais, em todas as regiões do Brasil. Os 40 novos campi inaugurados hoje juntam-se aos 562 em funcionamento. Em 2008, foi instituída a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, quando os centros federais de educação tecnológica (Cefets) e as escolas técnicas federais tornaram-se institutos federais.