Impeachment

‘Só não vê que não há crime quem não quer’, diz Lindbergh

Oposicionistas dizem que argumentos repetiram tudo o que já foi dito pela defesa de Dilma. E parlamentares da base destacam que não há elementos suficientes para a presidenta ser afastada

Marcos Oliveira/Agência Senado

O peemedebista Romero Jucá e o tucano Aloysio Nunes trocam ideias enquanto comissão discute impeachment

Brasília – Iniciada às 10h desta terça-feira (3), a sessão da comissão especial do impeachment no Senado prosseguia já perto das 20h, repleta por divergências. Vários senadores ainda aguardam a sua vez para se pronunciar e têm se dedicado a discutir entre si sobre as explicações dadas pelos juristas convidados a falar, hoje, em defesa de Dilma Rousseff – em contraponto aos convidados de ontem, que defenderam o afastamento da presidenta.

Participam da reunião os professores Geraldo Luiz Mascarenhas Prado (da cátedra de Direito Penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Ricardo Lodi Ribeiro (de Direito Financeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e Marcello Lavenère (da Universidade Federal de Alagoas e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil).

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos primeiros da oposição a falar, disse que “não viu nada de novo” na fala dos três palestrantes e que eles repetiram o discurso do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. O líder da legenda, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que a sessão foi norteada pelo que chamou de “velho proselitismo político da esquerda festiva que quer defender o governo”.

“Só não se convence que não há crime contra a presidenta quem não quer”, ressaltou em resposta o senador da base aliada Lindbergh Farias (PT-RJ).

‘Mudança só para melhor’

Lavenère aproveitou para reiterar o caráter político das denúncias contra a presidenta e diferenciar, mais uma vez, o que acontece no país atualmente com a situação observada em 1992, na época do impeachment de Fernando Collor. Ele destacou que “não existe crime praticado pela presidenta Dilma Rousseff”. “Toda mudança precisa ser feita para melhor. E se o país tiver de mudar, tem que ser para aperfeiçoar a democracia”, afirmou.

Já o senador Telmário Motta (PDT-RR), um dos mais incisivos na defesa do governo, afirmou que as palestras foram claras no sentido de mostrar à nação que não existem erros nos decretos de crédito suplementar que resultaram nas pedaladas fiscais. “Já se sabe que não há elementos suficientes para cassar a presidenta da República e é isso que a oposição não engole”, acentuou.

Motta disse que a situação de Dilma é a mesma de quem atropela uma pessoa que sofre leves escoriações e, mesmo assim, é condenada à pena de morte. “Começam a buscar coisas de vários lados para juntar ao processo, com a alegação de ‘conjunto da obra’, para tentar tirar uma presidenta que foi eleita pelo povo, pelo voto direto e legítimo”, ressaltou.

De acordo com o senador, “tudo o que está acontecendo no país decorre do fato do PT ter colocado como sócio no governo o PMDB que é conhecido por suas traições”. “Se a presidenta perdeu a popularidade nos últimos tempos, foi porque não conseguiu governar como queria, por conta da votação das pautas bombas neste Congresso, capitaneadas e coordenadas pela oposição”, acrescentou.

Amanhã, a partir das 13h30, a reunião da comissão será dedicada à leitura do relatório do relator, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).