São Paulo – Um dos mais próximos aliados do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) nega que, diante da movimentação do ex-governador paulista José Serra (PSDB), haja uma ofensiva do neto de Tancredo Neves no partido para consolidar sua posição e ser o escolhido para enfrentar a presidenta Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 2014. Mas Pestana não esconde que, pelo menos na visão dos aecistas, o papel de Serra na atual conjuntura é de coadjuvante. “Ele terá papel importantíssimo no nosso projeto”, diz Pestana.

Em entrevista coletiva ontem (20) em Brasília, Aécio, presidente do PSDB desde maio, defendeu a realização de prévias para a escolha do candidato tucano, o que foi interpretado como uma estocada em Serra, que em 2009 articulou contra as prévias e acabou sendo o candidato. “A minha posição em relação às prévias é a que sempre tive. Não tenho motivos para mudar de posição”, declarou Aécio. “Até saúdo, cumprimento aqueles que evoluíram de posição”, ironizou.

“Não há propriamente uma ofensiva”, diz Pestana, também presidente do diretório estadual do PSDB em Minas. “As prévias não estão em pauta no partido no momento.”

Pestana garante que Aécio não pretendeu dar nenhum recado a Serra. “O que Aécio falou é que o nosso estatuto prevê prévias e que, se no momento oportuno, o partido achar importante, lá na frente ele apoiará.”

O deputado prevê que até a primeira semana de outubro o partido estará empenhado apenas em entender o Brasil pós-manifestações e “atrair novos quadros que possam ser candidatos nos estados, porque é o primeiro prazo fatal do calendário eleitoral”. Dia 5 de outubro se encerra o prazo para que os que pretendem ser candidatos em 2014 tenham a situação partidária definida. Serra tem até lá para definir sua situação rumo a outra legenda, leia-se PPS, caso conclua que não há espaço para se contrapor a Aécio.

Como se diz em Minas, outubro está “logo ali”. Na avaliação dos correligionários mineiros de Aécio, o tempo corre a seu favor, pois o senador ainda é apoiado por franca maioria no partido. “Nesse momento, a maioria esmagadora, 90% do partido, converge para o Aécio”, garante Pestana.

Diante desse quadro, o reaparecimento de Serra na mídia pode indicar a última tentativa de reconquistar espaço no PSDB. Se ele sair, para PPS ou outra agremiação, será um duro adversário para Aécio.

Consciente disso, o senador e seus aliados, mineiramente, fecham espaço a Serra e ao mesmo tempo defendem sua permanência na legenda. “O PSDB paulista está totalmente integrado nesse esforço partidário (por Aécio). O Brasil é maior do que São Paulo e Minas”, diz o deputado mineiro. “Tenho certeza de que Serra não sairá do partido, não há nenhum motivo pra ele sair”, conclui.