Aliança incomum

Apoio a Eunício Oliveira racha bancada do PT no Senado

Em posição diferente da adotada pelo partido na Câmara, que apoia oposicionista, no Senado maioria da bancada votou por apoiar Eunício (PMDB-CE) para presidente e colocar Pimentel na 1ª secretaria

Agência Senado

Eunício de Oliveira é nome de Temer e Renan para presidir Senado. Parte do PT defende Pimentel na 1ª secretaria

Brasília – Os parlamentares que integram a bancada do PT do Senado resolveram hoje (1º) contrariar os pedidos de vários representantes do partido e optar por um caminho de coalizão com o PMDB na eleição para a presidência da Casa, na tarde de hoje (1º). A bancada decidiu, por maioria, no final da manhã, apoiar Eunício Oliveira (PMDB-CE) e, assim, indicar o senador José Pimentel (PT-CE) para a 1ª secretaria. Outras indicações para a composição da mesa diretora serão acertadas ao longo das discussões que se iniciam de agora até o horário da eleição, prevista para as 16h.

No Senado, diferentemente da Câmara dos Deputados, onde o PT possui a segunda maior bancada, o partido ocupa a terceira maior e fica atrás do PSDB. Em geral, a primeira bancada fica com a presidência e a segunda – hoje pertencente aos tucanos – com a maioria da mesa. A preocupação alegada durante o encontro foi com a perda de espaço dos petistas na mesa e, também, na composição das principais comissões técnicas.

Reações

A decisão decepcionou parlamentares que esperavam que a opção do PT na Câmara na noite de ontem influenciasse a bancada do Senado. O voto em Eunício foi contestado por Lindbergh Farias (RJ), Fátima Bezerra (RN) e Gleisi Hoffmann (PR). Lindbergh disse que “a militância não concorda com a iniciativa que está sendo adotada pelos senadores”. Gleisi afirmou que não considera a decisão coerente e lembrou que a aliança com o candidato do PMDB e outros nomes do partido não deveria ser sequer considerada, pelo fato de os representantes do outro lado se tratarem de parlamentares que trabalharam pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

No início da semana, a liderança do PT no Senado realizou seminário com integrantes de movimentos sociais, assessores e parlamentares com o intuito de discutir os rumos da sigla como legenda oposicionista ao atual governo. Também foram debatidos os principais trabalhos a serem realizados pelo partido no âmbito do Legislativo neste ano e no próxio.

As declarações dos petistas que votaram pela composição com o PMDB foram de que a decisão não mudará esses planos, porque nada em termos de apoio será negociado “a não ser a composição da mesa diretora e formação das comissões técnicas”.

“Não há a menor possibilidade de deixarmos de lado nossos ideais históricos. Iniciaremos os trabalhos do Senado já em luta contra essa reforma da Previdência que está tramitando, contra a minirreforma trabalhista e contra os projetos encaminhados pelo governo Temer ao Congresso que representem perdas de direitos para os trabalhadores”, afirmou o líder do partido, Humberto Costa (PE).

O senador afirmou que a decisão reflete os votos da população, que garantem ao partido o direito de ocupar os espaços institucionais. “A nossa representação proporcional vem dos votos que o Partido dos Trabalhadores teve em 2010 e 2014. E por essa razão, apresentamos o nome do senador José Pimentel para a 1ª secretaria da mesa.”

Com a definição da bancada petista, deixou de ser formado um bloco de oposição no Senado, conforme alguns petistas vinham tentando construir nos últimos dias. O bloco teria como integrantes PT, PCdoB, Psol e PDT. E cogitava lançar a candidatura de Roberto Requião (PMDB-PR) à presidência.

Além de Eunício, concorre o senador José Medeiros (PSD-MT).