Substituição

Ricardo Berzoini é nome de Dilma para as Relações Institucionais

Presidenta esperava por votação do Marco Civil para confirmar substituição de Ideli Salvatti. Mudança tem apoio do PT, que estava insatisfeito com a interlocução do Planalto com o Congresso

Ricardo Berzoini (PT-SP) está em seu quarto mandato de deputado federal

São Paulo – A votação do Marco Civil da Internet, ontem (25), deve agilizar a confirmação da indicação do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) para ministro das Relações Institucionais no lugar de Ideli Salvatti. Em conversa com a presidenta Dilma Rousseff, o deputado já havia exposto suas críticas tanto à postura da base aliada em relação aos interesses do governo no Congresso como à condução política do Planalto por parte da ministra. Com a concordância da presidenta, que preferia não mexer no time durante as polêmicas em torno do Marco Civil.

O projeto tem grande importância para o governo e o PT, e ainda tramitará no Senado, mas em situação mais confortável. Além disso, emperrava o curso das votações na Câmara. Com essa etapa vencida, a confirmação é questão de tempo, talvez de horas.

Berzoini está em seu quarto mandato, tendo como principal base de apoio o grupo político sob a influência do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que desde os anos 1980 tinha como referência no Congresso, e depois na base de formulação estratégica do governo Lula, o ex-ministro Luiz Gushiken.

A reportagem conversou ontem com Berzoini, que admitiu as conversas com Dilma, mas não confirmava oficialmente que resultaria na indicação. O grupo que o apoia deve apontar para disputar seu lugar na Câmara o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino, também bancário, cuja atuação na Assembleia Legislativa de São Paulo tem sido destacada pela liderança do PT na casa.

Berzoini integrou o ministério do governo Lula em 2003, à frente da Previdência Social. No início do ano seguinte, passou a ocupar o 5º andar do mesmo prédio na Esplanada dos Ministérios, desta vez no gabinete do Ministério do Trabalho e Emprego, onde permaneceu até maio do ano seguinte.

Em 2006 presidiu o PT. Afastou-se em decorrência do desgaste provocado pelo episódio conhecido como “escândalo dos aloprados”. Isentado política e judicialmente de envolvimento no caso, voltou posteriormente à presidência do partido.

Sua nomeação para as Relações Institucionais do governo é comemorada por amplos setores do PT, sobretudo os mais próximos de Lula, que há muito tempo não escondem a a insatisfação da fragilidade do governo nas negociações com o Legislativo. E é vista como mais um movimento da presidenta na direção de corrigir uma outra falha como chefe do Executivo: a pouca paciência para o diálogo e as negociações políticas.