O da 'boiada'

Réu por exportação ilegal de madeira, Salles ataca eleitorado de São Paulo, onde quer ser prefeito

O bolsonarista radical Ricardo Salles, réu por crime ambiental, encontra dificuldades em todos os lados para viabilizar sua candidatura a prefeito de São Paulo

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
Embates entre bolsonaristas e seu posicionamento radical de extrema direita de ataques constantes a adversários e qualquer eleitor que pense diferente marcam a pré-campanha de Salles

São Paulo – O deputado federal bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP) quer disputar a prefeitura da capital paulista nas eleições do próximo ano. Ruralista, Salles é réu por exportação ilegal de madeira. Enquanto ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro (PL), o deputado ganhou fama por proferir a frase “passar a boiada”, no sentido de destruir todo sistema de proteção às florestas. Contudo, seus anseios por ser prefeito enfrentam dificuldades. Entre elas, embates entre bolsonaristas e seu posicionamento radical de extrema direita de ataques constantes a adversários e a qualquer eleitor que pense diferente.

São Paulo não é uma cidade de maioria consolidada ultraconservadora. Nas eleições presidenciais de 2018, Fernando Haddad (PT) ganhou de Bolsonaro na cidade, mesmo o extremista saindo-se vitorioso no cenário nacional. Já em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou na capital. E Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador bolsonarista (e carioca), perdeu na maior cidade do país para o mesmo Haddad, que hoje é ministro da Fazenda. Mesmo assim, Salles apela para agressões intensas contra a maior parte da população.

Em pré-campanha, Salles comparou hoje (29) apoiadores de partidos progressistas a “jumentos”. Somam-se ao pré-candidato o seu tom de ódio e os escândalos ligados à devastação ambiental para criar uma figura de grande rejeição, inclusive no cenário nacional. Por isso, o bolsonarista virou um “peso”, inclusive entre a extrema direita. Embora Bolsonaro apoie sua candidatura, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, rejeita. Então, Bolsonaro disse que terá “de engolir”.

Salles e desentendimentos internos

Assim, existe a perspectiva de que Salles saia do PL. Apesar das “portas abertas” para sua saída, o humor do PL não é dos melhores. Isso porque o partido apoiará o candidato do MDB à reeleição, Ricardo Nunes. Então, existe a expectativa de que parlamentares do PL ajuízem sua saída, para tentar manter a cadeira de Salles no Parlamento dentro do partido. Seu suplente, José Olímpio, manifestou que brigará para ocupar seu assento na Câmara.

O desentendimento com o PL é evidente. Na última semana, Salles chegou a retuitar ataques a Nunes. “Não se enganem: Nunes é Lula! São Paulo não pode cair novamente em um segundo turno entre o ruim e o pior”, diz a publicação compartilhada pelo extremista.

Esta, inclusive, é sua principal plataforma de campanha. Uma luta quixotesca contra “moinhos de vento” que chama de “comunistas”. De acordo com Salles, “eles avançam sobre São Paulo”. Então, todo e qualquer adversário ganha o rótulo, por Salles e seus apoiadores mais fervorosos, de comunista. Inclusive nomes da direita que receberão apoio do partido de Bolsonaro, como visto. “A luta contra o avanço dos comunistas segue em pé de igualdade com a importância de se combater as máfias governamentais”, afirmou o deputado em outra publicação.