Baixo calão

Questionado sobre propina no Metrô, senador tucano manda blogueiro à ‘pqp’

Abordado por blogueiro no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP) se recusa a responder sobre suposto envolvimento em desvio de dinheiro público no governo paulista e tenta agredir entrevistador

Moreira Mariz/Senado

Em nota, o parlamentar negou que tenha ofendido o repórter, afirmando que apenas chamou a segurança

São Paulo –  O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) foi flagrado ontem (6), em vídeo, agredindo verbalmente um blogueiro conhecido como Rodrigo Pilha, que o havia abordado para perguntar sobre a importância das Comissões Parlamentares de Inquérito e o motivo pelo qual deputados estaduais tucanos em São Paulo barraram mais de 70 CPIs durante as gestões de José Serra (PSDB), aliado de Nunes, e Geraldo Alckmin (PSDB).

Visivelmente incomodado com os questionamentos, o senador perdeu o controle ao ser questionado sobre o envolvimento no esquema de desvio de dinheiro público e pagamento de propina em contratos de prestação de serviços à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e ao Metrô. “Vai pra puta que o pariu”, grita o senador, antes de começar a avançar contra o blogueiro. “Eu vou comer o seu cu”, repete, por duas vezes, antes de ameaçar: “Vou te dar um cacete”.

Confira, abaixo, a íntegra do vídeo:

Pilha foi detido pela Polícia Legislativa do Senado na sequência. Aloysio seguiu normalmente para o trabalho e, em nota oficial, ofereceu explicação diferente para o que ocorreu: “Diante da ofensa, tentei segurá-lo até que a segurança do Senado acudisse. Ele, entretanto, fugiu às carreiras, e ameaçou publicar vídeo com xingamentos a mim nas redes sociais. Voltei à carga na saída do Anexo I, quando foi detido pela polícia do Senado”, afirmou.

Nunes, que foi vice-governador e secretário de Assuntos Metropolitanos no governo de Luiz Antônio Fleury (PMDB, 1991-1994) e secretário da Casa Civil no governo Serra (2007-2010), foi citado em e-mails que integram a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público sobre a corrupção nos contratos da CPTM e do Metrô. Em mensagem eletrônica de 2008, Jorge Fagali Neto, lobista da Alstom e sucessor de Nunes na secretaria de Assuntos Metropolitanos no governo Fleury, sugeria ao senador o aditamento de um contrato da multinacional francesa em R$ 95 milhões, valor concedido no mesmo ano.

Ainda em 2006, quando era um dos coordenadores da campanha de Serra ao governo do estado, Nunes teria se reunido com lobistas de prestadoras de serviço da CPTM e do Metrô para receber instruções sobre como o governo deveria agir no setor de transportes. O senador nega envolvimento no caso.

Já Pilha, que seria ex-assessor da deputada federal Érika Kokay (PT-DF), envolveu-se recentemente em outra polêmica: em Brasília, vaiou e xingou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que estava almoçando num restaurante. Pilha, acompanhado de militantes do PT, chamou o ministro de “autoritário”, “corrupto” e “projeto de ditador”, e postou o vídeo do ato nas redes sociais.

Nunes também tem histórico de agressão contra jornalistas: durante as eleições de 2010, durante a realização do debate presidencial da TV Record, o tucano negou-se a dar entrevista à Rede Brasil Atual sob o pretexto de que “essa revista é do PT”, e ofendeu o repórter João Peres, da RBA. “Não vou conversar com você, seu pelego filho da puta”, disse. Da mesma forma que com a agressão contra Rodrigo Pilha, o senador depois contou a história de forma diferente da registrada pelos gravadores dos jornalistas. “Chamei de pelego, mas filho da puta, não”, disse, no Twitter.