PT vai se pautar pelo êxito de Lula e pelo atraso do ‘país de Serra’ em eleições municipais

Lideranças petistas participam hoje em São Paulo de seminário que debate as tendências e desafios para a governança metropolitana. O presidente nacional do partido admitiu 'nacionalização' da campanha municipal

São Paulo – Líderes do PT reunidos hoje (30) em seminário na capital paulista para discutir os desafios da governança metropolitana afirmaram que apostarão nas conquistas do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ante o “atraso” do governo do PSDB – no poder do maior colégio eleitoral do país há 18 anos – durante a campanha do pré-candidato do PT à prefeitura paulistana, Fernando Haddad.

Segundo o presidente nacional do partido, Rui Falcão, a nacionalização da campanha municipal é um “debate excelente”, embora não tenha de ser deixada para trás a questão local. “Podemos contrastar dois países. O país de antes do Lula, que é o país ligado ao Serra (José), e o país depois do Lula, que é o nosso país”, disse. O ex-presidente irá voltar à campanha de Haddad por meados de abril e gravará vídeos de apoio ao candidato, de acordo com Falcão.

“No caso de São Paulo, queremos respostas para 170 mil crianças sem creche, transporte urbano sucateado, crise na saúde e promessas não realizadas pelos governos de Serra e Kassab (Gilberto)”, pontuou. A pauta da campanha de Haddad, que está em processo de confecção, irá apresentar propostas aos temas, segundo ele.

Sobre o embate com Serra, Falcão descartou que o PT concentre esforços em um primeiro momento para defender-se de investidas do candidato tucano. “Tivemos uma campanha presidencial absolutamente raivosa e reacionária, que esperamos que não se repita nas eleições municipais”, criticou.

Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula (que organizou o evento junto com a Fundação Perseu Abramo) e ex-presidente do diretório estadual do PT, defendeu “novas perspectivas” para a cidade e para o estado de São Paulo. Ele relembrou das articulações do partido no final dos anos 1980 para problemas hoje ainda presentes, como o do transporte.

“Pensando para a frente, é necessário criar um novo método e novos paradigmas para resolver as coisas na região. Quem sofre com a falta dos instrumentos é o povo, que cada vez gasta mais tempo para ir trabalhar, espera mais na fila da saúde, quebra mais a cabeça para colocar o filho na escola”, disse.

A possibilidade do poder repartido, segundo ele, é a melhor forma para soluções mais rápidas dos problemas das cidades. “A responsabilidade é grande, porque temos de trazer boas novas”, completou. A primeira mesa do seminário destacou a necessidade de avançar no pacto federativo e da gestão compartilhada para acertar políticas públicas nas megalópoles.

Presente no evento, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ressaltou que o “pensar metropolitano” é uma obrigação. “Nos algomerados urbanos temos inúmeros problemas, mas a oportunidades também são diferenciadas”, frisou. No entanto, compartilhar o poder ainda é desafio. “A natureza humana não gosta de dividir poder”, disse.