O 1º de janeiro

Posse de Lula deve reunir 300 mil em Brasília e ter ações de inclusão

Coordenação da cerimônia já tem presença confirmada de 12 chefes de Estado. Número já supera o da posse de Bolsonaro

TV PT/YouTube/Reprodução
TV PT/YouTube/Reprodução
“Nossa preocupação é com a segurança desse principal protagonista dessa festa, que é o povo que estará Brasília”, destacou a coordenadora da cerimônia de posse, Janja

São Paulo – Pelo menos 12 chefes de Estado já confirmaram a presença na posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro. Com isso, o início de seu terceiro mandato presidencial será acompanhado por um número já superior de presidentes e primeiros-ministros em relação à cerimônia de Jair Bolsonaro (PL) em 2019, que teve 10 chefes de Estado.

A avaliação, de acordo com o embaixador Fernando Igreja, responsável pela parte institucional da cerimônia no governo de transição, é de que nos próximos dias mais chefes de Estado confirmem presença. Além disso, algumas personalidades internacionais, incluindo ex-presidentes e ministros, estão manifestando intenção de participar do evento.

Até esta quarta-feira (7), estão confirmados os presidentes de Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guiné Bissau, Portugal e Timor Leste. O rei da Espanha, Filipe VI, também estará presente. Eles serão recebidos por Lula em cerimônia no Itamaraty.

De acordo com o embaixador, os convites para a posse foram enviados oficialmente há dois dias a todas as embaixadas em Brasília e a todos os países com que o Brasil mantém relações diplomáticas. A equipe também trabalha para transmitir o convite ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. As relações entre os dois países foram suspensas pelo governo Bolsonaro, o que impediu o comunicado formal. Mas, dado o número de confirmações em pouco tempo, Igreja acredita que a lista de nomes cresça, indicando também a animação internacional diante do retorno de Lula. 

“Isso faz parte da reinserção do Brasil a partir do governo do presidente Lula, da política externa que o presidente Lula vai conduzir e de uma reinserção do Brasil no cenário mundial. Imagino que a maioria dos países quererá manter breve contato com o presidente Lula para que essas relações possam se aprofundar dentro dessa nova política externa do novo governo”, destacou o embaixador à imprensa hoje. 

Ações de inclusão

Há a previsão também de que a posse de Lula promova ações inclusivas, conforme confirmou também na coletiva a coordenadora da cerimônia da posse, a socióloga e futura primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja. De acordo com ela, o grupo que organiza o evento foi procurado por representações de pessoas autistas que alertaram sobre os barulhos que a posse pode produzir e perturbar pessoas com deficiência, especialmente os fogos de artifício e a salva de tiros de canhão. 

Janja divulgou que, com relação aos fogos de artifício, a equipe já vinha discutindo a retirada ou a possibilidade de garantir que eles não tenham ruídos. Já a salva de canhão, uma alternativa será analisada junto ao cerimonial do Senado, que é responsável pelo rito militar. Pelo protocolo oficial são simulados 21 tiros de canhão. “Essa equipe vai atender essa solicitação da sociedade civil”, frisou Janja. “Vamos conversar sobre isso, de que forma vamos substitui-la.” 

Segurança

Outra preocupação do cerimonial é com relação à segurança da população que irá acompanhar a posse. De acordo com Janja, todas as forças de segurança estão envolvidas nesta questão. Ainda na semana passada, o grupo se reuniu com o governo do Distrito Federal, a Polícia Militar e Federal e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). Apesar dos acampamentos bolsonaristas pró-golpe que seguem nos arredores da capital federal, a coordenadora afirmou que a equipe não prevê nenhum incidente. 

“Estamos trabalhando em conjunto para que tudo transcorra da maneira mais tranquila possível. Não estamos prevendo nenhum incidente, estamos fazendo a garantia do perímetro do território, acho isso importante, falamos isso para as forças de segurança e isso está sendo olhado com atenção. (…) A nossa preocupação é com a segurança desse principal protagonista dessa festa, que é o povo que estará em Brasília, o povo de Brasília e dos arredores. Essa é nossa preocupação.  Todas as forças de segurança envolvidas têm essa preocupação em mente”, ressaltou Janja. 

Rolls-Royce em dúvida

Por outra questão de segurança, o grupo da posse não informou de que forma sairá o presidente eleito Lula no próximo 1º de janeiro. Inicialmente, a equipe cogita que ele fará o desfile em carro aberto em direção ao Congresso Nacional, aonde deve chegar por volta das 14h30. A futura primeira-dama não confirmou, contudo, se o veículo utilizado será o tradicional Rolls-Royce que pertence à Presidência da República. 

A cerimônia no Plenário do Congresso deve começar às 15h. Na sequência, às 17h, Lula deve receber os cumprimentos de chefes de Estado no Planalto. Bolsonaro ainda não confirmou se passará a faixa a Lula, como faz parte do protocolo. De toda forma, a cerimônia deve seguir com a recepção das delegações estrangeiras no Itamaraty às 18h30. 

Festival e exposição: o Brasil do Futuro

A posse será transmitida para o Brasil e para o mundo, e haverá também telões na Esplanada, segundo Janja. Os shows musicais estão previstos para começar após o evento no Planalto. Eles serão distribuídos em dois palcos, que levam os nomes das cantoras Elza Soares e Gal Costa. “Estamos chamando de ‘Festival do Futuro: a alegria vai tomar posse’. O dia 1º janeiro começará com muita alegria e terminará com muita alegria. É o fundamental que a gente espera”, destacou Janja. 

Além dos shows, será aberta em Brasília a exposição Brasil do Futuro, que tem como curadores a historiadora Lilia Schwarcz e o ator Paulo Vieira, além do integrante do grupo de trabalho de Cultura da equipe de transição Márcio Tavares. 

“Essa exposição tem um sentido muito especial. Ela é o momento da posse que permanece após ela acontecer, simbolizando também um novo cuidado com o patrimônio artístico e a valorização das artes e dos nossos artistas brasileiros. Ela vai contar com acervos tanto do Museu da República, do Museu de Arte de Brasília, acervos da Presidência da República, algumas obras vão para a exposição pela primeira vez, e também com a colaboração de muitas galerias e artistas contemporâneos que estão animadíssimo para participar desse momento de reconstrução da democracia brasileira”, garantiu Tavares. 

Redação: Clara Assunção


Leia também


Últimas notícias