Fechando a transição

Lula diz que não haverá ‘barulho’ na posse e que PEC foi feita para ‘cobrir a irresponsabilidade’ de Bolsonaro

“Quem perdeu as eleições fique quietinho”, disse o presidente eleito, criticando últimas medidas do atual. Ele também enfatizou número inédito de mulheres ministras (11)

Reprodução/YouTube
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Lula com Haddad, Simone Tebet e Sonia Guajajara: governo formado

São Paulo – Ao anunciar os nomes que faltavam para o primeiro escalão de seu governo, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), falou sobre a chamada PEC da Transição, agora a Emenda Constitucional 126, e da posse do próximo domingo (1º). A descoberta de possíveis atentados ligou o alerta da segurança, mas Lula disse que “não vai ter barulho” na cerimônia. “Quem perdeu as eleições fique quietinho.”

Já o projeto que foi aprovado no Congresso, após acordo, não era a “PEC do Lula”, lembrou o presidente eleito. “Era para cobrir a irresponsabilidade do governo que está saindo”, afirmou. Ele também criticou o atual presidente, que continuou “mandando medida provisória” nos últimos dias de seu governo. E decidiu acabar, neste final de mandato, com a desoneração dos combustíveis.

Mulheres e indígenas

Sobre sua equipe, Lula afirmou que “nunca antes na história do Brasil teve tantas mulheres ministras”. De 37 nomes, 11 são mulheres. Elas também estarão à frente do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, segundo adiantou o presidente eleito.

Ele também enfatizou a primeira “indígena ministra”, a deputada eleita Sonia Guajajara (Psol-SP). “Ontem, eu falei com a Sonia que é uma experiência nova (o Ministério dos Povos Indígenas), que todos nós temos que trabalhar para ajudar. Eu ainda tenho que escolher quem será o presidente da Funai.” Sonia e Marina Silva (Rede, agora novamente ministra do Meio Ambiente) foram bastante aplaudidas na cerimônia.

“Mais do que uma conquista pessoal, esta é uma conquista coletiva dos povos indígenas, um marco na nossa história de luta e resistência”, afirmou Sonia Guajajara em rede social. “A criação do Ministério dos Povos Indígenas é a confirmação do compromisso que o presidente Lula assume conosco, garantindo a nós autonomia e espaço para tomar decisões sobre nossos territórios, nossos corpos e nossos modos de viver.”

Partidos na composição

O primeiro nome a ser anunciado no pronunciamento desta quinta-feira (29) foi o do general Gonçalves Dias. Ex-chefe da segurança de Lula, ele será o titular do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O presidente eleito também enfatizou a importância “extraordinária” da senadora Simone Tebet (MDB-MS), adversária no primeiro turno presidencial, na campanha do segundo turno. Ela foi confirmada no Planejamento, assim como a ex-jogadora de vôlei Ana Moser teve seu nome ratificado no Esporte. Lula ressaltou a importância de “reconstrução” dessa pasta.

Mesmo um partido de oposição ao PT, como o União Brasil, terá representação no governo. Caso do Ministério das Comunicações, que ficará com o deputado maranhense Juscelino Filho. Um acordo costurado pessoalmente pelo senador Davi Alcolumbre (AP), ex-presidente da Casa – ele participou da cerimônia e foi elogiado por Lula.

O ministério não terá mais a Secretaria de Comunicação Social (Secom), que será comandada pelo deputado petista Paulo Pimenta (RS). Mas tem na sua estrutura a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que o atual governo tentou privatizar. O União Brasil está também no Turismo, com a deputada Daniela Souza Carneiro, a Daniela do Waguinho (RJ).

Já o PSD tem três nomes: Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e André de Paula (Pesca e Aquicultura). Por sua vez, o PDT foi incluído com Waldez Góes (Integração Nacional e Desenvolvimento Regional), governador do Amapá, e com Carlos Lupi (Previdência Social), presidente nacional da legenda. Já o MDB, além de Simone Tebet, participa com Renan Filho (Transportes) e Jader Filho (Cidades).

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“Nada disso dará certo se a gente não tiver bons líderes na Câmara e no Senado”, disse ainda Lula, ao anunciar os nomes de José Guimarães (PT-CE) e Jaques Wagner (PT-BA). Além deles, o líder do governo no Congresso será o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).