8 de janeiro

PF prende empresário acusado de financiar acampamentos golpistas em Brasília

Um dos donos da rede Melhor Atacadista, Joveci Xavier de Andrade foi um dos dois alvos de mandato de prisão preventiva, que vem sendo cumprindo pela Polícia Federal nesta quinta (29). Nova fase da operação também faz busca e apreensões contra outros 31 alvos

André Duarte/Ascom Chico Vigilante
André Duarte/Ascom Chico Vigilante
O empresário negou ter participado do ato golpista em depoimento à CPI da Câmara Legislativa do DF, e foi desmentido pelos deputados distritais

São Paulo – A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quinta-feira (29), o empresário Joveci Xavier de Andrade, um dos donos da empresa Melhor Atacadista, rede de mercados do Distrito Federal. Joveci é acusado de ser um dos financiadores e fomentadores do atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que levou à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes na capital federal. De acordo com a PF, o empresário bolsonarista teria contribuído na manutenção do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército e participou do dia dos ataques.

Ele foi preso pela manhã no âmbito de uma nova fase da operação Lesa Pátria, a 25ª, que cumpre ainda outros dois mandatos de prisão no Distrito Federal e em São Paulo. Iniciada há mais de um ano para identificar e investigar envolvidos nos atos antidemocráticos, a Lesa Pátria também tem outros sete alvos que serão monitorados a partir de hoje por tornozeleira eletrônica. Os mandados foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e são cumpridos no Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.

Há também autorização para busca e apreensão em endereços de outros 24 acusados. Oito deles são cumpridos em Tocantins, além de 6 em São Paulo, três no Paraná, dois no Mato Grosso do Sul e Distrito Federal e um em Minas e Espírito Santo.

Quem é o empresário preso

No caso de Joveci, o empresário negou ter participado do ato golpista em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF, em abril do ano passado. No entanto, acabou sendo desmentido por deputados da CPI que mostraram fotos dele com a camisa da seleção brasileira de futebol no meio de um protesto golpista na frente do STF. A PF também aponta que Joveci fez contribuições que deram estrutura ao acampamento golpista.

Ele teria fornecido alimentos e água para os bolsonaristas e arcava também com o parte do pagamento dos banheiros químicos instalados na Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano (SMU). Joveci também é sócio do empresário Adauto Lucio de Mesquita, que admitiu à CPI, no ano passado, ter financiado parte das tendas antidemocráticas. Aos deputados distritais, Mesquita confirmou a doação de R$ 1,2 mil e o fornecimento de um caminhão de som. Ele também foi um dos doadores da campanha de Bolsonaro e, junto com Joveci, teria contratado outdoors para a campanha do ex-presidente.

Um relatório da Polícia Civil acusa ambos de terem orientado a empresa a mudar as imagens do outdoor para fazer alusão à Copa do Mundo, em uma tentativa de driblar a proibição desse tipo de divulgação, de acordo com informações do site Metrópoles. As investigações também mostraram que os acampamentos no QG do Exército, financiado por empresários, serviram como base para os crimes ocorridos não apenas no 8 de janeiro, mas também nos dias 12 e 24 de dezembro de 2022.

Na primeira data, bolsonaristas tentaram invadir o prédio da PF e entraram em confronto com forças de segurança. Já na segunda data, houve o episódio do atentado a bomba ocorrido nos arredores do Aeroporto de Brasília.

25ª fase da Lesa Pátria

Em nota sobre a operação desta quinta, a Polícia Federal também destaca que foi determinada a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados. Apura-se que a quantia dos danos causados ao patrimônio público pelos golpistas possa chegar à cifra de R$ 40 milhões. Os acusados poderão responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

Leia também: