Luta

Para Vannuchi, declarações de Cunha provam que ‘fascismo está à solta’

Analista afirmou que trabalhadores estão se defendendo para não perder seus direitos

Jonas Pereira/ Agência Senado

Eduardo Cunha acusou os manifestantes de serem os responsáveis pela violência, incitada por parlamentares

São Paulo – A tarde de ontem (7) em Brasília foi marcada pelo confronto e a violência da polícia contra os manifestantes. Na Rádio Brasil Atual, o analista Paulo Vannuchi comentou as ações praticadas pela PM e a postura de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, frente à questão. “Neste momento, no Brasil, a classe trabalhadora está na defensiva, ainda com um pequeno poder de reação”, disse Vannuchi.

Eduardo Cunha acusou manifestantes de serem responsáveis pela violência, e que parlamentares incitaram ações, prometendo sanções. Para o analista, este ato de Cunha foi irresponsável para sua função: “Ao contrário de exercer seu papel de árbitro, ele vai à imprensa e libera sentimentos de raiva, fazendo referência ao deputado Vicentinho (PT-SP), ameaçando-o de suspensão. Ele não fez isso com Jair Bolsonaro, quando disse que o ex-presidente Fernando Henrique merecia ser fuzilado, ou quando afirmou que Maria do Rosário não merecia ser estuprada. Nada disso gerou suspensão. É a prova que o fascismo da ultradireita está à solta.”

O cientista político afirma que a luta dos trabalhadores ainda está só no começo, e que o cenário não é favorável: “Não é a batalha final, o país pode mudar seu ambiente econômico, social ou político, que são extremamente polarizados atualmente, assentados de ódio e intolerância. Haverá tempo de alterar alguma dose mais venenosa no Senado, remeter de volta à Câmara, para poder rediscutir o assunto num ambiente com o diálogo mais democrático, pois agora é o ambiente da repressão”, acredita Vannuchi.

Segundo ele, o Brasil vive um momento em que a classe trabalhadora terá de lutar para não perder direitos. “Nos últimos dez anos, ela tinha direitos crescentes e batalhava por mais. Agora, se trata de inverter esse processo e organizar uma defensiva para não permitir esse contra-ataque, estimulado pelo partido da mídia.”

Ouça íntegra na Rádio Brasil Atual.