Plano B?

Novas eleições entram na pauta, mas não são unanimidade

Para PT, prioridade é combater o impeachment. Lindbergh vê bandeira 'com força', se consumado o golpe. CTB defende consulta popular sobre o tema. E MTST considera hipótese ante 'presidente biônico'

Marcia Minillo/RBA

Manifestante Luiz Piragibe prega a “cusparada coletiva”, como os gestos do deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) e do ator José de Abreu, que reagiram a agressões fascistas recentemente

São Paulo – A convocação de eleições gerais são uma possibilidade que começa a ser considerada, e faz parte das conversar no 1º de Maio que está sendo realizado no Anhangabaú, região central de São Paulo, mas não representam unanimidade. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, por exemplo, afirmou hoje que a prioridade do partido é outra. “Nós já definimos que vamos continuar combatendo o golpe”, afirmou. Ele lembrou, no entanto, que há propostas nesse sentido sendo apresentadas no Congresso, tratando de convocação de eleições ou de um plebiscito.

Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a tese poderia ser considerada caso se efetive o impeachment. “Consumado o afastamento, naturalmente essa bandeira vai vir com toda a força”, comentou.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, disse que a entidade não discutiu o assunto, mas ele vê o tema com simpatia. “Como pessoa, eu sou favorável a essa tese. Mas acho que ela vem tarde, acho que não passa mais”, afirmou.

Segundo Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), as eleições aparecem como “possibilidade razoável”, desde que tenha unidade, com “vários movimentos puxando”. “O que essa crise nos mostra é que o sistema político faliu”, afirmou, chamando Michel Temer, caso assuma, de “presidente biônico”.

O presidente da CTB, Adilson Araújo, defende um plebiscito por eleições diretas, se a pressão no Senado não conseguir barrar o processo. “É uma batalha difícil, mas não há outro caminho que não seja reivindicar que o povo possa efetivamente decidir. Se o poder emana do povo e a Constituição garante, esse é o caminho”, disse, considerando esse caminho “uma forma de se contrapor a esse assalto à nação brasileira”, como definiu o processo de impeachment.

“É lamentável que bandidos estejam julgando e punindo inocentes. Trabalharam para levar o país a esse quadro de instabilidade, com manobras para punir uma presidenta que não cometeu crime de responsabilidade.”

Em ato realizado na manhã de hoje na Praça da Sé, também no centro de São Paulo, movimentos se manifestaram pelas eleições gerais. “Não tem condições de o Temer governar. Ele está montando um ministério com envolvidos na Operação Lava Jato”, disse o dirigente da CSP-Conlutas Luiz Carlos Prates, o Mancha. “É a saída (eleições) para a classe operária. Nenhum dos governos tem condições de atender às reivindicações do povo.”

A manifestação no Anhangabaú, centro de São Paulo, prossegue. São esperadas para o início da tarde as chegadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff. A expectativa é que o governo anuncie hoje reajuste no valor dos benefícios do Bolsa Família e na tabela que determina as faixas de incidência das alíquotas do Imposto de Renda, que reduziria o valor do imposto recolhido sobre os salários.