Contra fake news

Para evitar influência nas eleições, MPF pede ao WhatsApp que adie função ‘Comunidades’ para janeiro

Segundo Procuradoria, medida visa preservar política de combate à desinformação e defender “estabilidade democrática”

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São Paulo – A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, pediu à plataforma WhatsApp que implemente a função Comunidades apena a partir de janeiro. Ou seja, depois do período eleitoral. “A medida tem como objetivo evitar que a atual política de enfrentamento à desinformação da empresa seja alterada ainda neste ano, em um momento no qual fake news sobre o funcionamento das instituições e a integridade do sistema de votação brasileiro podem colocar em risco a estabilidade democrática do país”, justifica a PFDC na recomendação.

“Sem entrar no mérito das eventuais vantagens que essa funcionalidade pode trazer para o cotidiano dos usuários do WhatsApp, o MPF entende que ela pode vir na contramão de medidas eficientes que a própria plataforma tem adotado, nos últimos anos, para conter a disseminação de fake news“, afirma ainda a Procuradoria.

O novo recurso permitirá integração de grupos em espaços de interesse comum (“Comunidades”). O PFDC observa que, assim, poderá haver comunidades reunindo, por exemplo, grupos de professores, pais, alunos, funcionários da administração e comitês de formatura, todos de uma mesma escola.

Capacidade de “viralizar”

Mas uma das preocupações é que administradores das comunidades poderão mandar mensagens de aviso, de uma só vez, para todos os milhares de integrantes dos grupos. “Tal recurso, a depender de como será usado após ser implementado, poderá aumentar a capacidade de as pessoas viralizarem conteúdos por meio do aplicativo”, diz o Ministério Público. Os administradores poderão enviar mensagens a até 2.560 pessoas simultaneamente, multiplicando por 10 o limite.

Assim, a PFDC entende que isso poderá prejudicar as estratégias de contenção de informações falsas. “A principal dessas estratégias para desacelerar a divulgação de boatos e notícias falsas, empregada nos últimos anos, foi limitar o número de encaminhamentos que cada usuário pode fazer de uma só vez”, lembra. “Isso foi feito progressivamente a partir de 2018, com importantes resultados, até chegar ao modelo atual, em que mensagens comuns somente podem ser reencaminhadas para até cinco destinatários simultaneamente, e mensagens que já ganharam alguma viralização, marcadas como ‘encaminhada com frequência’, podem ser reencaminhadas para, no máximo, um destinatário de cada vez.”

Confira aqui a íntegra da recomendação do MPF ao WhatsApp.