Visita de conforto

Após o sobrevoo, feito ao lado do governador Carlos Brandão (PSB), Lula falou com a imprensa. “Vim para fazer a visita de conforto às pessoas que estão passando por necessidade. Já morei em bairros que enchiam d’água e não era pouca, não. Era um metro e meio e a gente ficava disputando espaço com barata, com rato. Depois tinha de tirar um palmo e meio de lama com sanguessuga pegando nas canelas. Sei o que esse povo passa.”

O presidente explicou porque fez questão de ir ao Maranhão, mesmo em meio ao feriado. “Decidi vir porque vou para a China na próxima terça-feira de manhã e vou ficar sete ou oito dias fora. Não poderia viajar pra outro país sem visitar os estados brasileiros que estão com problemas de enchente. E o Maranhão é o estado em que está em situação mais difícil, apesar de o Ceará também ter problemas”.

Obrigação moral

Lula acrescentou ser “obrigação moral, política e ética cuidar dessa gente, que sofre e que precisa de nós”. Por fim, dirigindo-se a Carlos Brandão, afirmou que “o governo federal não faltará, em nenhuma hipótese, nas necessidades do governo do Maranhão para cuidar desse povo.”

A comitiva foi composta, ainda, pelos ministros da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Goés, e do Trabalho e Previdência, Luiz Marinho.

Emergência em 64 cidades

O governo estadual decretou situação de emergência em 64 municípios. De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de 36 mil famílias foram afetadas pela elevação das águas. Aproximadamente 7,7 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. Desde março, seis mortes foram registradas. No fim do mês passado, outra comitiva do Governo Federal já havia sobrevoado áreas atingidas.

Em todo Maranhão, nove rios, além de riachos e açudes, transbordaram. Em Buriticupu, cidade com cerca de 72 mil habitantes a 395km de São Luís, apareceram crateras gigantes, chamadas de voçorocas, algumas com 600 metros de extensão e 70 metros de profundidade. Em Alto Alegre do Pindaré, a 220km da capital, o rio que corta a cidade subiu mais de sete metros deixando 450 famílias desabrigadas e o município isolado. A rodovia estadual que dá acesso à cidade, a MA-119, ficou intransitável. Em Trizidela do Vale, a prefeitura antecipou as férias dos estudantes de julho para abril, porque cinco escolas estão alagadas e outras sete servem de abrigo.

Ajuda humanitária

A Defesa Civil do estado informa que segue monitorando os danos causados à população. Equipes do corpo de bombeiros, prefeituras e órgãos estaduais atuam na operação para prestar socorro às vítimas, principalmente no interior do estado. O governo do Maranhão criou o Comitê Gestor de Prevenção e Assistência às Vítimas das Chuvas. Entre as ações imediatas estão a distribuição de 100 mil cestas básicas e pescados para as famílias atingidas, além de quentinhas da rede de Restaurantes Populares. Foram providenciados também kits de conectividade e emissão de documentos, aluguel social, 34 mil litros de água e 3.450 colchões para atender os desabrigados. Já o governo federal, com decreto de emergência, repassou de imediato R$ 3,8 milhões.

De acordo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume acumulado de chuva pode ultrapassar 100mm, em diversas áreas do Maranhão, neste feriado de Páscoa. Volume parecido de chuvas deve cair nos estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Ceará, e pode causar os chamados eventos extremos.

*com informações da Agência Brasil