Análise

Lula e CPI da Covid levam ‘desespero’ ao governo Bolsonaro, diz analista

Segundo o Datafolha, Lula lidera com folga a corrida eleitoral para 2022, enquanto o atual presidente vai se complicando com os avanços das investigações da CPI

Ricardo Stuckert/Marcos Corrêa/PR/Pedro França/Agência Senado
Ricardo Stuckert/Marcos Corrêa/PR/Pedro França/Agência Senado
Depois do depoimento "desastroso" de Wajngarten na CPI, Lula aparece liderando com larga vantagem no Datafolha

São Paulo – A pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (13) mostra que a CPI da Covid já começa a causar danos eleitorais ao governo Bolsonaro. As intervenções “desastrosas” da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) durante o depoimento do ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom) Fabio Wajngarten, que quase foi preso na CPI da Covid, demonstram o “desespero” que tomou conta dos integrantes da base bolsonarista. Na mesma medida, mas com sinal invertido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se consolida com ampla vantagem na liderança da corrida presidencial de 2022.

Os números do Datafolha também revelam que, até o momento, a chamada “terceira via” é praticamente inexistente. O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) aparenta dificuldades de crescimento, tanto à esquerda quanto à direita, enquanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aparece pouco acima da margem de erro. É o que aponta o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto Cláudio Couto.

“É muito provável que a tenhamos um grande desgaste do governo Bolsonaro. Não é à toa que ele temia tanto a CPI”, disse Couto, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta quinta-feira (13). “Por outro lado, se o governo atual, que se apresentou como o mais antipetista nas últimas eleições, se desgasta, por contraste, fortalece o seu antagonista”, acrescentou.

Rumo a 2022

Diante desse quadro, Couto afirma que a sobrevivência da chamada “terceira via” vai depender da capacidade de articular os diversos postulantes desse campo em uma candidatura única. O contínuo desgaste do governo Bolsonaro, por outro lado, abre a possibilidade para que essa candidatura mais moderada possa a vir a ocupar o espaço da direita. O cientista ressalva, contudo, que tudo isso vai depender da evolução do cenário até o ano que vem.

“O que parece um pouco mais definitivo é que o campo da esquerda tende a ficar ocupado de maneira mais estável pelo ex-presidente Lula. O campo da extrema-direita tem o Bolsonaro. Mas é preciso ver o quanto esse campo consegue se expandir em direção à direita tradicional e centro direita”, frisou Couto. “Esse espaço está se reduzindo. Por isso é preciso prestar atenção na construção dessa candidatura ao centro. Se se fortalecer, deve pegar essa herança que Bolsonaro pode deixar.”

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira