Memória

Jurista Dalmo Dallari morre em São Paulo aos 90 anos

“O país perde um expoente da democracia”, afirma ex-diretor da Faculdade de Direito da USP

Cecília Bastos / USP Imagens
Cecília Bastos / USP Imagens
"Dalmo era amado por seus amigos de docência e alunos", afirmou a USP em nota

São Paulo – Considerado um dos mais importantes juristas do Brasil, Dalmo de Abreu Dallari morreu nesta sexta-feira (8) em São Paulo, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Dallari foi professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O velório deve ser realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco. O horário não foi divulgado.

Em nota, a família declarou que Dallari deixa esposa, sete filhos, 13 netos e dois bisnetos, além de “várias gerações de alunos e seguidores, aos quais se dedicou em mais de 60 anos de magistério e atuação na promoção dos direitos humanos”

Por sua vez, a Faculdade de Direito da USP lamentou a morte de Dallari. “Dalmo era amado por seus amigos de docência e alunos. Nos bancos das salas de aula transmitia seu saber com seriedade, de forma que todos, tanto na Graduação quanto na Pós-Graduação, adquirissem o conhecimento com mais facilidade”, destacou a instituição.

Natural de Serra Negra, no interior de São Paulo, Dallari se formou em direito pela USP em 1957 e, pouco depois, em 1964, passou a integrar o corpo docente da instituição.

Conhecido por sua atuação em oposição ao regime militar, Dallari ajudou a organizar a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. A organização foi intensamente buscada por perseguidos políticos e seus familiares, e teve papel importante na proteção de oposicionistas da ditadura.

Dallari ficou conhecido no meio jurídico como um dos principais especialistas na área do Direito Constitucional brasileiro. Sua carreira teve como foco a defesa dos direitos humanos e a garantia do Estado de Direito. Foi autor de diversos artigos, capítulos de livros e realizou palestras e conferências, no Brasil e no exterior.

Na Faculdade de Direito da USP, tornou-se professor titular em 1974 e, em 1986, foi escolhido para ser diretor, posição que ocupou até 1990.

Repercussão

“O Brasil perde um de seus principais expoentes e, a USP, uma figura ímpar que ajudou a forjar esta Universidade com sua dedicação na gestão universitária e na formação de gerações de profissionais na área de Direito. Neste momento de consternação, a Reitoria se solidariza com os familiares e a comunidade acadêmica da Faculdade de Direito”, lamenta o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.

Para o diretor da Faculdade de Direito (FD), Celso Fernandes Campilongo, a Faculdade perde parte de sua história. “Perdemos um grande amigo. Dalmo sempre se dedicou a fazer o bem. Um defensor dos direitos humanos. Ele dizia, constantemente, que a construção desses direitos deveria iniciar desde cedo. Somente assim as pessoas poderiam ter consciência do que é ser solidário e fraterno”, considera.

Leia também: Dalmo Dallari: ‘Moro reconhece que seu objetivo é político’

Floriano de Azevedo Marques Neto, ex-diretor da Faculdade de Direito (2018/2022), ressalta o significado do professor Dallari para a história do País. “Perdemos hoje mais do que um professor sênior querido por todos e todas. A Faculdade perdeu um líder e um formador de gerações de docentes e discentes. O país perde um expoente da Democracia. Eu, pessoalmente, perco meu orientador, um amigo e uma referência em tudo que fiz e faço na minha vida. Alenta-nos o fato de que a partida do professor Dalmo Dallari não apaga o lugar histórico que ele tem e seguirá tendo nas Arcadas e na cena nacional”, diz.

Com informações do G1 e do Jornal da USP