Corrupção

Gleisi e CGU criticam relatório da Transparência Internacional: ‘Termômetro desregulado’

“De transparente só tem o nome”, disse Gleisi, que destacou a relação da ONG com a Lava Jato. Ministro Vinícius de Carvalho também falou sobre “diagnósticos equivocados” na iniciativa da entidade de rebaixar o Brasil no Índice de Percepção da Corrupção

Divulgação/TI
Divulgação/TI
Transparência Internacional foi parceira da Lava Jato e queria administrar fundo bilionário com recursos da Petrobras

São Paulo – A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou duramente um relatório da ONG Transparência Internacional (TI) que apontou que o Brasil caiu no ranking global sobre percepção da corrupção. Na mesma linha, o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Marques de Carvalho, classificou como “termômetro desregulado” o índice apresentado nesta terça-feira (30).

A TI afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) destruiu “marcos legais e institucionais anticorrupção”, mas o governo Lula vem falhando na “reconstrução” desses mecanismos. Reclama da nomeação do ministro Cristiano Zanin, “advogado pessoal do presidente”, para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Do mesmo modo, reprovou a indicação do ministro Flávio Dino, dessa vez pelo “perfil político para um tribunal já excessivamente politizado”. E também critica a escolha de Paulo Gonet, fora da “lista tríplice”, como novo chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em função disso, e de outros pontos, a TI tirou dois pontos do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), de 38 para 36. Assim, o país ficou na 104ª colocação entre os 180 países avaliados, caindo 10 posições em relação ao ano anterior.

Nesse sentido, a ONG classificou o desempenho como “ruim”, “abaixo da média global (43 pontos), da média regional para Américas (43 pontos), da média dos BRICS (40 pontos) e ainda mais distante da média dos países do G20 (53 pontos) e da OCDE (66 pontos)”.

Passou dos limites

Gleisi destacou que a Transparência Internacional tem “longa trajetória de desinformação sobre os governos do PT”. Mas dessa vez, “passou dos limites”. Para ela, classificar como “retrocesso” as escolhas para o STF e a PGR “revela apenas a má vontade e a oposição política da ONG a Lula e ao PT”.

“Queriam que Lula indicasse procurador-geral e ministros lavajatistas? Expliquem antes quem financia vocês, abram suas contas, expliquem os negócios em que se envolveram com Moro e Dallagnol. Poucos saíram tão desmoralizados das investigações sobre os crimes da Lava Jato quanto a tal Transparência Internacional, que de transparente só tem o nome”, afirmou a petista.

Em 2016, a Transparência Internacional premiou a Lava Jato pelo suposto trabalho no combate à corrupção. Na ocasião, o então procurador Deltan Dallagnol foi recebido “com estardalhaço” em Berlim, sede da organização.

Posteriormente, a série de reportagens da Vaza Jato revelou os verdadeiros interesses da ONG. A TI pretendia gerenciar, junto com a Lava Jato, um fundo de R$ 2,5 bilhões recuperados dos desvios na Petrobras, para financiar supostos projetos de “combate à corrupção”.

Além disso, o vazamento das conversas também revelou proximidade entre Dallagnol e o então presidente da ONG Bruno Brandão. Os recursos seriam geridos por uma “fundação”, com nomes indicados pela própria Lava Jato. Incluiriam também representantes da sociedade civil, como a Transparência Internacional, por exemplo.

“As investigações sérias revelaram que a TI foi não apenas cúmplice de Sergio Moro e Dallagnol na perseguição a Lula e ao PT: seus dirigentes tornaram-se sócios nas tentativas da dupla de se apropriar de recursos públicos ilegalmente, o que foi felizmente barrado pelo STF”, ressaltou Gleisi.

Percepção

Já a CGU afirmou que índices baseados em percepção possuem “limitações metodológicas” e pregou cautela na análise dos resultados. “A corrupção é um fenômeno complexo e nenhum indicador consegue medir todos os seus aspectos”, frisou o órgão de fiscalização e controle.

Para o ministro Vinícius de Carvalho, o IPC “é um termômetro conhecido, mas que apresenta problemas”. “Especialistas do mundo todo dizem, há mais de uma década, que o termômetro do IPC tem problemas. Essas críticas precisam ser levadas a sério e debatidas”, escreveu nas redes sociais.

Para a formação do índice, a ONG consulta 13 fontes de dados advindas de 12 instituições diferentes (empresas de consultorias, especialistas, think tanks empresariais, etc.). Dentre elas, estão o Banco Mundial, o Fórum Econômico Mundial e a Freedom House, organização independente mas amplamente financiada pelo governo dos Estados Unidos.

Além disso, entre os financiadores da Transparência Internacional, estão governos ocidentais – Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Noruega e Suécia, dentre outros –, fundações internacionais – Ford, Gates, Open Society – e grandes empresas, como Google, Microsoft, Shell e Coca-Cola.

O secretário nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Wadih Damous, o jurista Pedro Serrano e o jornalista Reinaldo Azevedo também utilizaram as redes sociais para questionar o ONG. Assim, o termo “Transparência Internacional” figurou entre os termos mais comentados do X (ex-Twitter) ao longo do dia.


Leia também


Últimas notícias