Ofendido

Flávio Dino rebate Marcos do Val, Moro reage e é desconstruído também

No Senado, ministro desbancou bolsonarista Marcos do Val, que tenta manipular fatos e ofende Dino nas redes. Moro tenta defender o colega e ouve de Dino: “Sou ficha limpa, fui juiz, nunca fiz conluio com MP e nunca tive sentença anulada. Quem tem honra defende”

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Ministro Flávio Dino defende a Polícia Federal e a investigação de indícios de crime independente de o suspeito usar farda ou não

São Paulo – “Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece?”, disse o ministro da Justiça Flávio Dino o senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES) no Senado nesta terça-feira (9). Dino, que arrancou gargalhadas dos presentes em reunião da Comissão de Segurança Pública, ironizou o parlamentar que divulga com frequência o fato de ser instrutor da SWAT, o comando tático especial da polícia dos Estados Unidos que faz sucesso no Brasil.

Com a fala contundente, porém irônica, Flávio Dino desmontou Marcos do Val e sua tentativa de distorcer os fatos. O bolsonarista mostrou uma reportagem com Dino logo após os atos daquele domingo, sugerindo que o presidente Lula saberia com antecedência da invasão dos golpistas que destruíram parte da sede dos três poderes. A reunião no Senado tinha na pauta os atos golpistas de 8 de janeiro.

“O senhor coloca a questão de que o presidente tinha ciência. Eu sempre disse isso para todos vocês, desde o dia 9 de janeiro. Aqui não é CPMI, eu tenho todo o material aqui, comprovando tudo e mais outras coisas, que vou apresentar na CPMI. E eu espero que o ministro seja, consequentemente, afastado e, se possível, até preso, como foi o ministro André Mendonça. Aliás, André Mendonça não, o ministro Anderson Torres, que nem no Brasil estava”, afirmou do Val.

Dino reafirma que não dispensou a Força Nacional

Dino não se abalou. Defendeu sua honra de juiz federal que largou a toga para fazer política e voltou aos fatos. “O senhor pergunta: ‘o presidente Lula foi avisado?’ Claro que foi. Quando eu cheguei, eu telefonei pra ele. E eu digo na entrevista que o senhor mostrou: ‘Claro que ele já sabia’. É porque em Araraquara tem televisão”, disse o ministro, referindo-se à visita de Lula àquela cidade naquele dia.

Dino disse também que não dispensou a Força Nacional no dia dos atos, que não recebeu relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre possíveis ataques. E referindo-se diretamente aos vídeos agressivos e obsessivos que Marcos do Val faz contra ele nas redes sociais, Dino afirmou que o senador faz “construções mentais muito singulares que não têm ligação com os fatos”.

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) quis sair em defesa do colega. “Queria deixar aqui minha solidariedade ao senador Do Val, que não pode ser tratado com deboche”, disse o ex-juiz.

Dino a Moro: “Nunca fiz conluio com Ministério Público”

“Senador Moro, eu vim aqui como ministro e como senador da República para ser respeitado. Se o senador acha que pode cercear minha palavra, se o senador diz que eu posso ser preso, isso é respeito? Pense bem, pense com a sua consciência. Se isso aconteceu com o senhor, de alguém interpelar o senhor”, disse o ministro, referindo-se a Marcos do Val.

E foi além, chegando a dar indiretas ao ex-juiz da Lava Jato. “Eu sou uma pessoa honesta, ficha limpa. Eu fui juiz e nunca fiz conluio com o Ministério Público, nunca tive sentença anulada. E por ter sido um juiz honesto, por ter sido um governador honesto é que eu não admito que ninguém diga que eu tenha de ser preso. Isso é desrespeito. Quem tem honra age assim. E por isso repilo veementemente qualquer ofensa a minha honra e ninguém vai me impedir.”

O ministro da Justiça adiantou a Moro que tornará a repetir a forma jocosa sempre que necessário for. “Todo debate parlamentar que for sério, conte comigo. Debate  parlamentar que desbordar do decoro parlamentar vai ter a resposta devida. É um direito e uma obrigação minha. Eu tenho família, tenho ficha limpa. Tenho currículo, trajetória nos três poderes. E é por isso que às vezes eu sou incisivo diante da proporcionalidade da ofensa – o que esse colega seu tem feito reiteradamente todos os dias. Me chamar de lixo, bandido, mau caráter, que eu tenho de ser preso. O senhor acha que isso é respeito?”, questionou.

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Redação: Cida de Oliveira


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