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‘Acenderam nossa militância’, diz senador em plenária dos movimentos sociais

Líderes reunidos em plenária no centro de São Paulo condenam os abusos do juiz Sérgio Moro na condução da operação Lava Jato. Para Lindbergh Farias, operação de hoje foi um 'tiro no pé'

Mídia Ninja

Plenária da Frente Brasil Popular ocupa Quadra dos Bancários; Lula, que já havia ido para casa, voltou para o ato

São Paulo – “Eles acenderam a nossa militância”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) em relação ao depoimento coercitivo prestado hoje (4) à Polícia Federal pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador fez a afirmação na plenária com a Frente Brasil Popular e os movimentos sociais, realizada nesta tarde na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro de São Paulo. O ex-presidente, que havia ido embora para São Bernardo no meio da tarde, acabou voltando para o ato.

O depoimento de hoje foi realizado em mais uma etapa da Operação Lava Jato, conduzida pelo juiz Sérgio Moro. “Eles deram um tiro no pé. Até ministros do Supremo Tribunal Federal estão dizendo que o Moro extrapolou”, disse Lindbergh. O senador destacou que o depoimento coercitivo só deve ser realizado quando a pessoa se recusa a ir, quando é chamada e não vai.

“Eles dizem que ninguém é inatingível para a Lava Jato, mas o PSDB é inatingível”, disse Lindbergh ao lembrar o escândalo da merenda no governo do estado de São Paulo, no qual o governador Geraldo Alckmin tem sido blindado pela imprensa.

Lindbergh foi a primeira pessoa a falar no ato da quadra dos bancários. Depois, foi a vez o senador Humberto Costa (PT-PE). “O que aconteceu no Brasil hoje foi uma violência imensurável, foi desrespeito frontal à Constituição e um ataque à maior liderança popular do país”, afirmou.

“Só existe uma explicação para o que aconteceu hoje: o desejo de tentar desgastar Lula politicamente”, disse Costa. “Seu crime é um só: fazer deste um país de liberdade e direito para quem nunca teve acesso a nada. Foi uma afronta à Constituição e ao Supremo Tribunal Federal.” O senador pediu que o Supremo se manifeste no sentido de dizer que o juiz Sérgio Moro extrapolou e abusou de sua autoridade.

“O inconformismo dessa direita conservadora está passando de todos os limites; eles estão no vale-tudo para apear a presidenta Dilma Rousseff do poder. O que nós vimos hoje é um ato de provocação”, disse a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos.

Democracia

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad,  disse que participava da plenária menos como petista e prefeito, e muito mais como democrata. “Não estou aqui para defender o ex-presidente da República, mas para defender o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Estou aqui para defender um direito fundamental. A nossa lei assegura que ninguém pode ser coagido se estiver colaborando com a Justiça”.

Haddad afirmou que Lula está há pelo menos 50 anos defendendo a democracia no Brasil. “Como presidente, Lula foi a pessoa que mais fortaleceu a Polícia Federal e mais autonomia deu ao Ministério Público.”

Citando o argumento da Lava Jato de que a operação coercitiva foi necessária para garantir a segurança e integridade física do ex-presidente, Haddad disse que “nós estamos disponíveis para garantir a integridade física do Lula. Marcharemos para qualquer lugar: Congonhas, Brasília, Curitiba… É muito grave o que aconteceu hoje. Foi um golpe no Estado democrático de Direito. Vamos continuar acreditando que construímos uma democracia sólida e que vamos sair dessa crise”.

O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, afirmou que “todos nós, lutadores da democracia e da justiça social, sabíamos que não estávamos acompanhando um ato de justiça, estávamos assistindo perplexos a um ato de violência brutal contra o ex-presidente Lula”. Rossetto diz que isso faz parte de uma campanha sórdida e cruel de criminalização de Lula e de sua história. Ele disse que Lula nunca se negou a se apresentar a todas as convocações do Judiciário. “Não há nada do ponto de vista da legalidade que justifique esse ato injusto e violento.”

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que recebeu vários recados para “acalmar” os militantes na plenária. “Mas aqui não tem ninguém nervoso, só indignados.” Segundo ele, há no país “um embrião de Estado de exceção que precisa ser combatido”.

A frente decidiu fazer atos em defesa de Lula no dia 8, acompanhando as atividades do Dia Internacional da Mulher, e no dia 18. Os movimentos sociais não farão manifestações no dia 13, quando os favoráveis ao impeachment farão atos pelo país.

A plenária contou também com as manifestações de  Gilmar Mauro, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Carina Vitral, da União Nacional dos EStudantes (UNE), e Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP), entre outros. Para Carina, o que houve nesta sexta não foi uma operação policial, mas “uma festa midiática”. E o líder do MST relacionou períodos de crise econômica, como o atual, com avanços de movimentos fascistas.