Portal aposta em cobertura participativa para monitorar eleições

Iniciativa mapeia denúncias para atuar como observatório do pleito em 2010. Parceria com escolas de jornalismo e lan houses busca garantir verificação das informações

(Foto: Reprodução)

São Paulo – Com aposta em uma cobertura participativa, um grupo de jornalistas lança o Eleitor 2010, projeto que une redes sociais e eleitores com disposição de cobrir a campanha deste ano. Com documentação de notícias, denúncias e situações referentes aos candidatos, a expectativa é que as matérias possam ser confirmadas por fotos e vídeos.

Para participar, é possível enviar a denúncia para o site por email, microposts no Twitter identificados com hashtags (expressões precedidas do símbolo “#” que facilitam as buscas de manifestações sobre determinados assuntos) ou diretamente na plataforma. Segundo os organizadores, uma ferramenta para contemplar mensagens de texto via celular (SMS) será oferecida em uma segunda etapa, devido aos custos da operação.

Os relatos são avaliados por uma equipe de moderadores que confirmam os dados e, então, publicam o conteúdo. Há também uma equipe de voluntários do site, que vasculha outros portais para colher informações e notícias relevantes. “A credibilidade da informação virá do material anexado, como fotos e vídeos, e da quantidade de pessoas relatando o mesmo episódio”, explica Paula Góes, uma das idealizadoras do projeto.

Segundo Thiana Biondo, assessora do projeto, há um plano para fazer parcerias com escolas de jornalismo e lan houses. O objetivo é a montagem de equipes pelo país que possam averiguar denúncias in loco e depois enviar essas informações para a plataforma.

Em um mapa do Brasil, os relatos são apresentados e organizados por categorias, como compra de votos, lixo eleitoral, uso da máquina administrativa etc. Todas as denúncias ficam disponíveis, de maneira transparente e os dados do denunciante podem ser mantidos em sigilo.

Critérios para publicação de denúncias no Eleitor 2010

  • É relacionado às eleições brasileiras de 2010
  • Traz um testemunho pessoal do eleitor, tenha sido ele testemunha ocular ou que tenha contato com alguém que tenha sido testemunha ocular de uma irregularidade
  • É uma contribuição do eleitor a respeito de alguma irregularidade que ele tenha visto na internet (imprensa, blogs, redes sociais, sites, etc) desde que cite a fonte
  • Tem base em fatos, ou seja, não traz mera opinião, factóides, picuinhas políticas ou suposições
  • Não se trata de ataque pessoal contra nenhum candidato, partido ou plataforma política
  • Não traz fatos claramente inverídicos ou falsos (ou seja, denúncias contra candidatos que não existem), inteligíveis (sem explicações claras sobre o testemunho)

O projeto utiliza a plataforma Ushahidi, que combina recursos do Google Mapas e ferramentas de envio de informação (SMS, twitter e e-mail), monitorando praticamente em tempo real e reunindo dados em um mapa interativo. O publicador foi usado pela primeira vez no período de violência pós-eleitoral do Quênia em 2008 pela população e por grupos de ajuda humanitária. Por ser de código-aberto, a ferramenta foi usada em campanhas eleitorais, catástrofes naturais e também em situações que envolvam crises sociais.

Até o dia 10 de agosto havia 126 contribuições de eleitores e de membros da equipe. Foram 113 publicados e 73 marcados como não-verificados, os outros 13 não foram publicados por não passarem pelos critérios de moderação.