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Dilma: ‘Quem pede minha renúncia sabe que não há razões para impeachment’

Presidenta nega que estaria 'resignada' com possibilidade de não chegar ao fim do mandato, diz que falta de responsabilidade da imprensa agrava crise e prejudica economia e repudia ação contra Lula

NBR / reprodução

Dilma Rousseff, durante coletiva em que reafirmou sua permanência no cargo: ‘Não estou resignada de nada’

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff rechaçou hoje (11) as especulações de setores da imprensa tradicional, de que prepara a renúncia ao seu mandato. “Não há uma única razão para que eu deixe o governo. Quem pede minha renúncia sabe que não há nem base legal nem elementos comprobatórios para o impeachment”, afirmou, em rápida entrevista coletiva à imprensa no Palácio do Planalto.

Dilma lembrou que a democracia conquistada pela sociedade brasileira exige respeito e observância às leis. “Saímos de um processo de luta e resistência contra a ditadura, que nos levou até a Constituição de 1988, que garante que a cada cidadão é devido o tratamento respeitoso perante a lei. Se desrespeitarem o direito da presidenta da República, estarão desrespeitando todo e qualquer cidadão. Portanto, eu não sairei deste cargo sem que haja motivos para tal.”

A presidenta disse também que pretende ampliar o debate sobre as ofensivas da oposição contra seu governo. “Vamos discutir com toda a sociedade, com o país inteiro, por que querem tirar a presidenta do cargo”.

Questionada sobre notícias de que estaria “resignada” sobre a possibilidade de deixar o governo, Dilma foi taxativa. “Eu fui presa e torturada pelas minhas convicções, eu devo respeito ao povo brasileiro pelos votos que me deu, não tenho essa atitude perante a vida. Vocês acham que eu tenho cara de quem fica resignada?”

Dilma também fez um apelo pela serenidade e pela paz durante as manifestações organizadas pela oposição no próximo domingo (13), para que as ameaças de episódios de acirramento e violência não se concretizem. “Faço grande apelo para que sejam as pessoas sejam capazes de se manifestarem de forma pacífica. A manifestação é importante na democracia, é um momento de consolidação democrática. Não deve ser manchada pela violência. Precisamos manter as vitórias da democracia brasileira e uma das vitórias é o direto de manifestação.”

A presidenta encerrou a coletiva reafirmando que permanece no cargo e que as especulações da mídia tradicional não tem fundamento: “Pelo menos testemunhem que eu não tenho cara de quem vai renunciar”. Antes, havia afirmado que a imprensa precisa de agir com mais responsabilidade e mais seriedade, pois haveria uma onda de boatos e de informações que só acirram a crise política e são “extremamente negativos” para a economia brasileira.

Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma repudiou “em gênero, número e grau” o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público de de São Paulo – “passou dos limites do bom senso e da justiça”. Clamou por mais diálogo e menos turbulências, e por menos pessoas “querendo se promover” com a crise.

Negou-se a responder perguntas sobre mudanças ministeriais e admitiu que teria orgulho em ter Lula como ministro. “Em qualquer governo ele daria imensa contribuição.”

A presidenta deu a entender que caberá a Wellington César Lima e Silva a decisão de permanecer no posto de ministro de Justiça, para o qual foi recém-nomeado em lugar de José Eduardo Cardozo, ou de permanecer no Ministério Público. O Supremo Tribunal Federal decidiu que Lima e Silva não poderá seguir como ministro se não renunciar ao MP, dando-lhe prazo de 20 dias para tomar a decisão.