São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro, por meio das redes sociais, anunciou que vai pedir o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. “Na próxima semana, levarei ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que instaure um processo sobre ambos, de acordo com o art. 52 da Constituição Federal”, afirmou.

O artigo 52 da Constituição, citado por Bolsonaro, estabelece que “compete privativamente ao Senado Federal” processar e julgar não apenas o presidente e o vice-presidente da República nos crimes de responsabilidade como também ocupantes de outros cargos como os de ministros do Supremo Tribunal Federal.

“Ministros do STF podem e devem ser investigados por fatos concretos, mas o tal pedido de impeachment que Bolsonaro pretende apresentar contra Barroso e Moraes é só mais uma cortina de fumaça para tentar esconder o mar de crimes comuns e de responsabilidade que o próprio presidente cometeu”, postou, em seu perfil no Twitter, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), um dos parlamentares que integra a CPI da Covid no Senado.

Também membro da CPI, o senador Humberto Costa (PT-PE) viu na atitude um avanço do autoritarismo do presidente. “Cada vez acuado por conta de uma série de denúncias contra o seu governo, Bolsonaro tenta mais uma vez intimidar a Justiça. A olhos vistos, o presidente avança no seu discurso autoritário. É preciso dar um basta de uma vez por todas nessa milícia golpista”, postou.

“Troca” de pedidos de impeachment

Quem também se manifestou sobre a ação de Bolsonaro foi a senadora Simone Tebet (MDB-MS), uma das representantes da bancada feminina na CPI da Covid. “Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem pede pra bater no ‘Chico’, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o ‘Francisco’ habita o Inciso I, do mesmo endereço”, publicou, fazendo alusão ao artigo invocado por Bolsonaro.

“Vamos fazer uma troca, para o bem do Brasil? Pacheco abre o pedido de impeachment do Barroso e do Alexandre, como o golpista pediu hoje, desde que Lira aceite UM dentre a centena de pedidos de impeachment contra Bolsonaro”, postou, também no Twitter, o cientista político Guilherme Casarões, da Fundação Getulio Vargas.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), outro integrante da CPI no Senado, foi mais assertivo contra o presidente. “Bolsonaro, vá trabalhar! Ao invés de arroubos autoritários, que serão repelidos pela democracia, vá pegar no serviço! Estamos com 14 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos, preço absurdo da gasolina, da comida. E o povo continua morrendo de COVID-19! VAI TRABALHAR!”, publicou.