Efeito Lula

Após explosão de preços e reprovação nas pesquisas, Bolsonaro fala em recuo na política de preços da Petrobras

Com política de Bolsonaro e Temer para a Petrobras, gasolina teve aumento de 68% nas refinarias somente em 2021

Roberto Parizotti
Roberto Parizotti

São Paulo – Depois de defender durante todo o seu governo a atual política de preços da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro agora sinaliza um recuo. Ele disse nesta segunda-feira (7) que terá reunião para discutir o tema. Desde 2016, a Petrobras segue política ditada por investidores, primeiro com o governo Temer, depois com Bolsonaro. Como resultado, somente em 2021 a gasolina teve um aumento de 68% nas refinarias e de, em média, 46% nas bombas.

A paridade no preço do petróleo significa que a Petrobras paga pelo produto o preço cobrado no mercado internacional. Desse modo, repassa as altas para as refinarias, o que faz o aumentar o preço para o consumidor final. Assim, abala todos os demais preços da economia, elevando a inflação num momento em que a renda média dos brasileiros despenca.

“Agora, tem uma legislação errada feita lá atrás que você tem a paridade com o preço internacional, ou seja, o que é tirado do petróleo, leva-se em conta o preço fora do Brasil, isso não pode continuar acontecendo”, afirmou o presidente em entrevista à rádio Folha, de Roraima.

O Brasil já vinha enfrentando, nos últimos meses, uma forte alta nos combustíveis. Com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a situação tende a piorar, já que a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Nesta segunda, o preço do barril de petróleo do tipo Brent, referência internacional, saltou 18% e chegou a ultrapassar US$ 139, atingindo seu nível mais alto desde 2008, muito perto do recorde absoluto de US$ 147,50 de julho de 2008.

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(Foto: Ricardo Stuckert)

Lula: “É importante que o acionista receba dividendos quando a Petrobras dá lucro, mas não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa que compra um quilo de feijão e paga mais caro por causa da gasolina”

O Preço de Paridade de Importação (PPI) foi implementado em 2016, durante o governo Michel Temer (MDB) e na gestão do ex-presidente da estatal Pedro Parente. A mudança sinalizada por Bolsonaro na Petrobras, se se confirmar, é consequência da elevada desaprovação ao seu governo. E uma possível reação às críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula – líder em todas as pesquisas na corrida presidencial – tem dito em entrevistas que não manterá o preço dos combustíveis vinculado ao dólar.

“Nós não vamos manter o preço da gasolina dolarizado”, postou Lula em suas redes sociais. O ex-presidente afirmou não ser justo com o país, e que o governo tem mecanismos para não prejudicar os mais pobres pela alta dos combustíveis. Isso porque, segundo ele, a políticas do atual governo privilegia a distribuição dos lucros da estatal a uma minoria de investidores. “É importante que o acionista receba seus dividendos quando a Petrobras der lucro, mas eu não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa que vai comprar um quilo de feijão e paga mais caro por causa da gasolina.”


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