Abaixo a violência nas eleições

Atos por Marcelo Arruda destacam a motivação política do crime em Foz do Iguaçu

Manifestações realizadas nesse domingo refutam decisão da Polícia Civil do Paraná que descartou a motivação política do assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT

Foto: Fernando Rocha
Foto: Fernando Rocha
Em Foz do Iguaçu, balões brancos com sementes foram lançados para simbolizar os ideias do guarda municipal assassinado

São Paulo – Atos por justiça para o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, assassinado no sábado (9) pelo policial bolsonarista Jorge Guaranho, foram realizados em Foz do Iguaçu (PR), São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Osasco (SP) nesse domingo (17). No clamor por justiça para Marcelo, brutalmente assassinado enquanto comemorava seu aniversário de 50 anos em festa decorada com motivos da pré-campanha de Lula à presidência, todos os atos criticaram a decisão da Polícia Civil do Paraná de descartar a motivação política do crime.

“Eu peço às autoridades que lutem por justiça em nome do Marcelo. Infelizmente, meu filho recém-nascido não poderá conviver com seu pai. Ele foi vítima de um ato de violência. Ele lutou e não resistiu. Só peço justiça”, disse em Foz do Iguaçu Pamela Silva, viúva de Marcelo Arruda.

“Eu quero agradecer a todos que estão presentes. Perceber durante o velório do Marcelo a quantidade de pessoas que ele se relacionava, me fez entender a imensidão da diversidade de pessoas que ele tinha contato. E essa é a marca que ele deixa para todos. Precisamos respeitar a diversidade entre as pessoas”, destacou a viúva.

Em um evento denominado por seus organizadores como suprapartidário e inter-religioso, sediado na Praça da Paz, no Centro de Foz do Iguaçu, o ato em memória de Marcelo Arruda foi marcado por falas emocionadas em defesa da tolerância e com duras críticas à escalada da violência política no país.

“Independente de lado político, temos que condenar, com toda nossa força e energia, qualquer tipo de violência política que presenciarmos. Não podemos aceitar. É preciso deixar claro que não é proibido pertencer ou apoiar qualquer partido político, o que é proibido, o que é crime, é matar pessoas. Isso precisa ser condenado”, defendeu ao microfone Luís Donizete, irmão de Marcelo Arruda e simpatizante de Bolsonaro.

Filho mais velho da vítima, Leonardo Arruda relembrou ao público parte da trajetória do pai. “Meu pai foi um homem simples, criado numa favela, que lutou muito para conquistar tudo que teve. Ele sempre me ensinava sobre o valor das coisas. E da importância de lutarmos. Mas a luta dele era com respeito. Devemos lutar para que o ódio acabe, para que tenhamos paz e essa guerra acabe. Não podemos ter mais famílias passando por isso”, destacou.

São Paulo

Em São Paulo, na manhã deste domingo, manifestantes estiveram presentes em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), na Avenida Paulista, região central do município. 

Durante a manifestação, Laércio Ribeiro, presidente do Diretório Municipal do PT São Paulo, disse lembrou que a Polícia Civil do Paraná concluiu que não houve motivação política no assassinato de Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR). O autor, Jorge Guaranho, vai ser indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar “perigo comum” às outras pessoas que estavam na festa de aniversário onde aconteceu o crime. 

Em São Paulo, na manhã deste domingo, manifestantes estiveram presentes em frente ao MASP, na Avenida Paulista – Elineudo Meira / @fotografia.75

“Como não houve motivação política?”, questionou Ribeiro. “Houve um crime de ódio, por motivação política não só na morte de Marcelo, mas na morte de lideranças indígenas, na morte dos jovens de Paraisópolis, de mestre Moa do Katendê. Essas mortes são políticas e por motivação política através de um discurso de ódio”, afirmou o dirigente petista. “Não basta só justiça com base naquele indivíduo que entrou na festa de Marcelo. É preciso responsabilizar a todos. Nós venceremos em memória àqueles que lutaram e que lutam.” 

Segundo o Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), entre 1º de abril e 30 de junho deste ano, houve 101 casos de violência contra lideranças político-institucionais no país, com 24 homicídios. Em comparação com o primeiro trimestre de 2020, quando aconteceram as eleições municipais, houve um aumento de 17,4%.  


Com informações do Brasil de Fato