Eleições 2022

Alckmin rebate delação da Ecovias e diz lamentar ‘versões irresponsáveis em ano eleitoral’

Delação contra Alckmin é vista com desconfiança, por ele ser cotado para a vice de Lula e Bolsonaro ser acusado de interferir na PF 

Divulgação/Twitter/Governo SP
Divulgação/Twitter/Governo SP
O ex-tucano ainda não decidiu para qual partido irá após deixar o PSDB

São Paulo – Em comunicado divulgado nas redes sociais na noite desta sexta-feira (16), o ex-governador Geraldo Alckmin rebateu as acusações de caixa 2 que teria sido pago a ele pela concessionária Ecovias, responsável pelo sistema Anchieta-Imigrantes. A acusação – no âmbito de investigação da Polícia Federal – foi feita em delação premiada por Marcelino Rafart de Seras, ex-presidente da empresa.

No comunicado, Alckmin levanta cinco questões: “Não conhece os termos da colaboração, mas sabe que a versão divulgada não é verdadeira; As suas campanhas eleitorais jamais receberam doações ilegais ou não declaradas; Todas as contas foram efetuadas sob fiscalização da Justiça Eleitoral e do próprio MP; No seu governo, inclusive, ordenou diversas ações contra os interesses de concessionárias, inclusive contra a suposta doadora; Lamenta que, depois de tantos anos, mas em novo ano eleitoral, o noticiário seja ocupado por versões irresponsáveis e acusações injustas”.

O ex-governador afirma ainda que “seguirá prestando contas para a sociedade e para a Justiça, como é dever de todos”. Alckmin (sem partido) provavelmente será o vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República. O ex-tucano ainda não decidiu para qual partido irá após deixar o PSDB.

A PF e Bolsonaro

A delação premiada implicando Alckmin é encarada com desconfiança, inclusive pelo fato de Jair Bolsonaro ser acusado de interferir na PF de acordo com seus interesses e de sua família. Na famosa reunião de 22 de abril de 2020, ele prometeu interferir na corporação.

Coordenador do Grupo Prerrogativas, o advogado Marco Aurélio de Carvalho afirmou à revista Veja que “não há surpresa alguma na tentativa de se atingir a honra do ex-governador Geraldo Alckmin, em especial agora quando o seu nome é cogitado para compor a chapa do ex-presidente Lula, franco favorito para as próximas eleições presidenciais”. Segundo ele, trata-se da “velha receita criminosa, oportunista e nem um pouco criativa”.

No final do mês passado, Bolsonaro exonerou o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Gustavo Maiurino, e nomeou Márcio Nunes de Oliveira para o cargo. É o quarto diretor-geral da PF sob o atual governo.

Apesar da interferência, a delegada da PF Denisse Dias Ribeiro irritou o Palácio do Planalto e o clã Bolsonaro ao concluir em relatório que Jair Bolsonaro teve participação “direta, voluntária e consciente” no vazamento de um inquérito sigiloso da própria PF, divulgado por ele mesmo em suas redes sociais, em agosto de 2021.