Um ano depois de terremotos, Haiti e Chile ainda patinam na reconstrução

Instabilidade política levou a protestos em fevereiro no Haiti (Foto: Logan Abassi/ONU Divulgação) São Paulo – Enquanto o Japão ainda tenta acordar da tragédia e contar seus mortos, outros dois […]

Instabilidade política levou a protestos em fevereiro no Haiti (Foto: Logan Abassi/ONU Divulgação)

São Paulo – Enquanto o Japão ainda tenta acordar da tragédia e contar seus mortos, outros dois países, castigados por terremotos semelhantes há pouco mais de um ano, ainda vivem o drama de tentar se reerguer.

O Haiti – sacudido por um terremoto de 7 graus na escala Richter, em janeiro de 2010 – até hoje não sabe exatamente quantas pessoas morreram. A cifra oficial é de aproximadamente 300 mil mortos, mas muitos foram enterrados em covas coletivas, sem identificação.

No país mais pobre das Américas, as ruas da capital, Porto Príncipe, ainda estão bloqueadas por toneladas de entulho das casas que ruíram com o tremor. A cidade é salpicada por acampamentos onde vivem mais de um milhão de desabrigados. Em muitas partes da capital, é como se o terremoto tivesse acontecido ontem. E, para piorar, os haitianos devem definir neste domingo (20) quem será o novo presidente do país, numa disputa marcada por acusações de corrupção e fraude eleitoral.

O Chile fez, há 20 dias, um grande balanço da reconstrução. E o governo reconhece que, até hoje, só conseguiu dar conta de 50% da tarefa de reerguer o país. Um ano após o terremoto de 8,8 graus na escala Richter, que deixou 524 mortos e 31 desaparecidos, mais de130 mil famílias ainda estão alojadas em cabanas temporárias. O problema habitacional é mais grave nas zonas costeiras da região centro-sul (Maule e Biobío), castigada por um tsunami que varreu as praias logo após o terremoto de 27 de fevereiro do ano passado.

O poder econômico japonês faz pensar que a recuperação desta última tragédia possa ser mais rápida e ordenada do que no Chile e, principalmente, no Haiti. Mas algumas tarefas não podem simplesmente ser adiantadas com mais dinheiro. A principal delas é a recuperação das zonas potencialmente afetadas pelo vazamento de material radioativo, que podem ser condenadas por décadas.

Além disso, ainda há mais de 10 mil desaparecidos e, mesmo com esforço dobrado e ajuda das maiores potências internacionais, será difícil resgatar todos os corpos que ainda estão sob os escombros e, principalmente, os corpos que o mar levou. As cicatrizes concretas da tragédia podem ser sanadas, mas o país levará mais de uma geração para se recuperar do choque.

Fonte: OperaMundi