Revolta na França

Trabalhadores e estudantes tentam barrar reforma trabalhista

Manifestantes foram às ruas nesta quarta-feira (9) protestar contra projeto do presidente François Hollande, que flexibiliza direitos a pretexto de diminuir o desemprego, hoje acima de 10%

Fotos: UGICT/CGT/Fotos públicas

Manifestantes marcam oposição a reforma e pedem basta a massacre aos direitos dos trabalhadores (abaixo)

São Paulo – As manifestações de hoje (9) foram organizadas em cerca de 200 cidades da França. Um abaixo-assinado com cerca de um milhão de assinaturas também pede que as novas normas não sejam implantadas. A reforma visa a flexibilizar, principalmente, a jornada de 35 horas de trabalho semanais. Tecnicamente, o limite será mantido, mas as companhias poderão organizar horas de trabalho alternativas – como trabalhar de casa – o que, no final, pode resultar num total de 48 horas de trabalho por semana.

Em “circunstâncias excepcionais”, o limite poderá ser de até 60 horas por semana. A proposta ainda permite que as empresas deixem de pagar horas extras aos funcionários que trabalharem mais de 35, recompensando-os com dias de folga.

Segundo uma pesquisa, 70% dos entrevistados com mais de 18 anos se opõem à reforma, e 57% dizem que apoiam a manifestação dos estudantes e sindicalistas.

O projeto do socialista François Hollande ainda não foi apresentado oficialmente. Mas já carimbou a longa fase de aproximação do socialismo francês com receitas liberalizantes às quase a França vinha resistindo. O PS francês possui correntes com menos influência no governo, ligadas aos movimentos sociais, foram para o embate com o governo. Além do ato de hoje, estão sendo programados protestos e paralisações gerais no próximo dia 31.

Os sindicatos entendem que, apesar de “flexibilizar” mas não revogar a lei das 35 horas, o projeto de Hollande abriria um precedente irreversível. E que em vez de abrir vagas, estimularia demissões. Numa ponta, reduz o custo do trabalho, mas, em outra, cria um mecanismo que permite demissões por motivos econômicos – por exemplo, em situação de queda de faturamento ou de prejuízos por 12 meses seguidos. O projeto permite ainda redução dos valores de indenizações por demissão. E acordos por empresa prevaleceriam sobre acordos coletivos setoriais.

Segundo o jornal El País, o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, principal entidade sindical da França, considera a lei um passo para a “precariedade empreendida por muitos governos europeus”. A ala mais à esquerda do PS também critica o que chama de “desvio liberal” do governo.

Com informações de Opera Mundi e El País