Guerra em Gaza

Primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, renuncia em meio a pressões

Integrante da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada, Shtayyeh renuncia em meio a críticas de diversos países sobre a impotência diante dos bombardeios israelenses em Gaza

Sinn Féin/Wikimedia Commons
Sinn Féin/Wikimedia Commons
Renúncia terá de ser aceita pelo líder da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que poderá pedir que ele permaneça como interino

São Paulo – O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh,formalizou nesta segunda-feira (26) sua renúncia ao cargo. Integrante do partido Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada, havia apresentado pedido de demissão ao Mahmud Abbas na última terça (20). A saída tem relação com a guerra em Gaza, bombardeada por Israel desde o início de outubro, com cerca de 30 mil mortos.

O líder da ANP tem sido criticado por sua “impotência” diante dos bombardeios israelenses na Faixa e do aumento da violência na Cisjordânia ocupada. Para Shtayyeh, Gaza precisará entrar em uma nova fase de governo por conta da nova realidade na região. E que por isso decidiu renunciar. O primeiro-ministro palestino assumiu o cargo em 2019.

A liderança palestina está dividida entre a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, há cerca de 17 anos. “[O novo momento] exigirá acordos governamentais e políticos que levem em conta a realidade emergente na Faixa de Gaza, bem como a necessidade urgente de um consenso palestino”, afirmou Shtayyeh. Além disso, “é necessária a extensão da Autoridade Nacional Palestina sobre todo o território”.

A renúncia do primeiro-ministro, porém, ainda deverá ter o aval do líder da ANP. Ele poderá, inclusive, permanecer no cargo como interino até a nomeação de um substituto.

Ataques de Israel e a renúncia do primeiro-ministro

A renúncia ocorre em meio aos ataques de Israel para destruir o Hamas, que governa Gaza, e também de afirmações de que, que, por motivos de segurança, não aceitará a ANP no comando da região. A ANP deveria funcionar como um órgão de governo temporário de todos os territórios palestinos, com o líder, primeiro-ministro e um conselho legislativo. Já o maior partido político palestino, o Fatah, e o grupo armado Hamas, poderiam disputar cadeiras.

Em 2006, após eleição para o Conselho Nacional Palestino, o Hamas ganhou as cadeiras do conselho, cuja vitória não foi aceita por Israel e pela União Europeia, que financiavam em parte a ANP. Os países então impuseram sanções, acirrando a rivalidade entre os partidos locais. O Fatah dissolveu o conselho, assumindo o controle da ANP na Cisjordânia e o Hamas formou um governo próprio e tomou o controle da Faixa de Gaza.

O Fatah, partido de Shtayyeh, e o Hamas buscam um acordo para um governo de unidade e devem se encontrar na próxima quarta-feira (28) para debater o assunto. “A renúncia de Shtayyeh só faz sentido se ocorrer um acordo de consenso nacional sobre os preparativos para a próxima fase [de Gaza]”, disse à agência Reuters Sami Abu Zuhri, o integrante da alta cúpula do Hamas.

Redação: Cida de Oliveira, com g1