Insistência

Presidente de pior avaliação em décadas, Biden anuncia que disputará reeleição ‘pela alma dos EUA’

Apesar da idade avançada e gestão considerada fraca, presidente não tem adversários no partido e une democratas ante a possibilidade de Trump voltar ao poder

Reprodução/Vídeo Casa Branca
Reprodução/Vídeo Casa Branca
Biden apela a discurso anti-Trump: "Não é hora de ser complacente. É por isso que concorro à reeleição”

São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (25), formalmente, que será candidato à reeleição em 2024. O mandatário tem direcionado boa parte das energias de seu governo ao fornecimento de armas e dinheiro à Ucrânia, na guerra contra a Rússia. Com esse viés, a gestão Biden tende a ser conhecida futuramente como aquela que levou o mundo de volta à Guerra Fria – período de tensão geopolítica entre a antiga União Soviética e os Estados Unidos que durou entre 1947 e 1991.

Em um vídeo de três minutos e quatro segundos que compartilhou nas redes sociais às 6h em Washington (7h no Brasil), o presidente não menciona esse aspecto de seu mandato, mas se resume a definir que a disputa mais uma vez será a batalha contra a extrema direita.

“Quando me candidatei para presidente há quatro anos, disse que estávamos em uma batalha pela alma dos EUA, e ainda estamos”, disse o democrata. O vídeo mostra imagens do ataque ao Capitólio por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, em 6 de janeiro de 2021.

“O dilema com o qual nos deparamos agora é se nos anos adiante teremos mais ou menos liberdade, mais ou menos direitos. Sei qual eu quero que seja a resposta e acho que você também. Não é hora de ser complacente. É por isso que concorro à reeleição”, justificou.

Revanche Trump x Biden

A estratégia inicial de Biden, assim, parece ser uma “revanche” contra o ex-presidente republicano, a quem derrotou nas eleições de 2020. O termo “revanche” foi utilizado pelo jornal The New York Times. Biden diz aos eleitores que quer “terminar este trabalho”.

Também no vídeo de hoje cedo, o presidente afirma que “extremistas do MAGA” em todo o país ameaçam as liberdades pelas quais ele lutou nos primeiros dois anos de mandato. MAGA é acrônimo do slogan republicano “Make America Great Again” (“faça a América grande novamente”, em tradução livre), popularizado por Trump entre a extrema direita do país.

Segundo uma pesquisa da NBC News divulgada no fim de semana, Biden perderia hoje a disputa pela presidência para qualquer candidato republicano por 47% a 41%.

Os adversários devem apostar na fragilidade do atual mandatário, segundo o analista Jonathan Weisman, do NYT, que considera Biden o “mais fraco” presidente em exercício a disputar a reeleição desde Jimmy Carter há 44 anos.

Todos contra Trump

Mas de modo geral, as análises nos Estados Unidos também apontam que não surgiu nenhum adversário forte para se opor a Biden dentro do partido, apesar da idade avançada (ele tem 80 anos). A possibilidade de Trump voltar ao poder une os democratas.

Os republicanos, por sua vez, atacam ao estilo de Trump. “Biden está tão desconectado da realidade que acha que merece mais quatro anos no poder, quando tudo o que faz é criar crises”, disse a presidente do Comitê Nacional Republicano, Ronna McDaniel.