ONU apela ao G20 para superar divergências sobre guerra à Síria

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Ceerwan Aziz/EFE

Crianças em campo de refugiados sírios no interior do Iraque. Guerra deve provocar grande tragédia humanitária

Brasília – O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu aos líderes do G20 (grupo que reúne as maiores economias mundiais) que evitem uma guerra contra a Síria e busquem a solução negociada para o fim do impasse. Ele alertou que a “situação humanitária no país é catastrófica”. Em mais de dois anos de conflitos, cerca de 100 mil pessoas morreram e, diariamente, aproximadamente 2 mil tentam deixar o país em busca de abrigo.

“Há que se explorar formas de evitar maior militarização do conflito e promover a busca de uma solução política”, ressaltou o secretário, que participa das discussões da cúpula do G20, em São Petersburgo, na Rússia. A presidenta Dilma Rousseff e os principais líderes políticos mundiais também estão presentes.

“Apelo para que o G20 e o Conselho de Segurança da ONU reconheçam a necessidade de uma solução política para uma crise humanitária grave e trágica”, disse Ki-moon. “Estamos todos extremamente preocupados e queremos ver o fim do sofrimento do povo. O mundo deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para acabar com o sofrimento dos sírios”, acrescentou.

O secretário ressaltou que os países vizinhos à Síria, para os quais vai grande número de pessoas em busca de abrigo, receberam apenas 40% dos recursos necessários para promover uma ajuda humanitária digna. Segundo ele, o dinheiro está limitado. “Devemos ajudar os vizinhos da Síria que tão generosamente acolheram os refugiados”, reiterou.

Divergências

Na manhã de hoje (6), um porta-voz do governo da Rússia confirmou que o jantar dos líderes do G20, ontem) demonstrou a divisão existente no cenário internacional sobre a ação militar na Síria, como defendem os Estados Unidos. “As forças estiveram divididas quase em partes iguais”, ressaltou o porta-voz, sobre os chefes de Estado presentes.

O porta-voz disse que vários países consideraram a intervenção militar na Síria “precipitada”. Acrescentou que uma “série de Estados países apelou para não se desvalorizar o direito internacional e não se esquecer que só o Conselho de Segurança da ONU tem o direito de adotar a decisão de empregar a força militar”.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que está no comando do G20, propôs a discussão sobre o tema. O presidente norte-americano, Barack Obama, que defende a intervenção militar e aguarda apenas a votação no Congresso americano na próxima semana, alega que a ação é urgente – os Estados Unidos acusam, mesmo ainda sem ter provas concretas, o governo de Assad por ataques com armas químicas contra civis, registrados na Síria no último dia 21.

Porém, a ação militar norte-americana sofre resistências da Rússia e China, que têm direito a veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas e avaliam que o Parlamento dos Estados Unidos não tem poder para autorizar um ataque contra a Síria. Putin alertou que qualquer ataque que não tenha autorização do conselho poderá ser considerado uma agressão, enquanto a China defendeu que a guerra não é a solução para a crise síria.

Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse que o Brasil é contra a intervenção militar por acreditar que a solução para o fim do impasse deve ser por meio do diálogo e do consenso.

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