Egito

Novo dia de protestos no Cairo reúne milhares de pessoas

Enquanto manifestantes voltam às ruas para pedir a renúncia de Mohammed Mursi, aliados do presidente convocaram o povo para 'defender a legitimidade'

Andre Pain/EFE

As forças políticas receberam um ultimato das Forças Armadas para proceder às reformas

Cairo – Milhares de manifestantes reunidos em diferentes pontos do Cairo, no Egito, preparam desde o início da manhã de hoje (2) uma nova jornada de protestos no país, após grupos islamitas terem convocado os seguidores do presidente Mohammed Mursi para as ruas.

Os principais aliados de Mursi e a Irmandade Muçulmana pediram durante a noite de ontem que os egípcios se manifestem para “defender a legitimidade” do presidente diante do prazo de 48 horas que o Exército deu ontem às forças políticas para se chegar a um acordo que “atenda as reivindicações do povo”. Os grupos islamitas deverão se concentrar na praça da mesquita Rabea al Adauiya e na Universidade do Cairo.

Já na emblemática praça Tahrir, centenas de pessoas que pernoitaram em tendas de campanha começaram a criar pequenas passeatas no local e cantar palavras de ordem contra Mursi e a Irmandade Muçulmana.

Os comitês populares encarregados pela segurança na praça mantêm os acessos de veículos para a Tahrir fechados em função da previsão da grande manifestação convocada pelo movimento oposicionista Tamarrud (Rebelião).

O mesmo ambiente de expectativa e tranquilidade é encontrado nos arredores do palácio presidencial de Itihadiya, onde também deverá ocorrer maciças manifestações. Nas últimas horas aumentou o número de tendas de campanha instaladas nas ruas próximas ao local, várias das quais já foram fechadas pelos comitês populares.

Fontes do Ministério do Interior informaram hoje à agência oficial de notícias Mena que nas últimas 48 horas as forças de segurança apreenderam 208 armas de fogo, cinco granadas e 37 coquetéis molotov. Além disso, um número indeterminado de pessoas foi preso.

Presidência nega renúncia de ministros

Um porta-voz da Presidência egípcia negou à Agência Efe que o primeiro-ministro Hisham Qandil tenha apresentado o pedido de renúncia do Executivo ao presidente Mohammed Mursi, como haviam anunciado previamente fontes governamentais.

O porta-voz explicou que quem renunciou foram os porta-vozes presidenciais, Omar Amre e Ihab Fahmi, além do porta-voz do Conselho de Ministros, Alaa al Hadidi.

Além disso, o representante informou que Mursi está reunido com Qandil e com o ministro da Defesa, Abdel Fatah al Sisi. O presidente se reuniu em caráter de urgência hoje com o membros do governo em um encontro que não contou com a participação de Sisi e do ministro do Interior, Mohammed Ibrahim.

Apesar disso, as fontes governamentais consultadas pela Efe insistiram que o Executivo colocou sua continuidade no poder à disposição de Mursi.

Ultimato não é golpe

A presidência disse nesta madrugada que o ultimato dado pelo Exército “pode causar confusão” e deixou claro que Mursi não foi consultado em sua elaboração. Além disso, a presidência insistiu que está dando “passos práticos” rumo ao diálogo nacional, e que seguirá fazendo-o “à margem de qualquer comunicado que aprofunde a divisão entre os filhos do Egito”.

O Exército egípcio advertiu ontem (1º) em uma primeira mensagem à nação que concede 48 horas aos grupos políticos para que assumam sua responsabilidade e respondam às exigências do povo, que foram expressadas em maciças manifestações no domingo que pediam a renúncia do presidente Mohammed Mursi.

Mais tarde, em comunicado divulgado na página de Facebook do porta-voz militar, Ahmed Mohammed Ali, o Comando Supremo do Exército desmentiu que o ultimato seja “um golpe militar”. A nota afirma que “a doutrina e a cultura das Forças Armadas não permitem a política de golpes militares”, e reitera que os militares “não serão parte do jogo político nem do governo”.

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