Franceses vão às urnas; crise pode atrapalhar reeleição de Sarkozy

Paris – Os eleitores franceses foram às urnas hoje (22) para o primeiro turno da eleição presidencial, e o desespero com a economia pode fazer de Nicolas Sarkozy o primeiro […]

Paris – Os eleitores franceses foram às urnas hoje (22) para o primeiro turno da eleição presidencial, e o desespero com a economia pode fazer de Nicolas Sarkozy o primeiro presidente a perder uma reeleição em mais de 30 anos. Os primeiros resultados devem começar a ser divulgados após o fechamento das últimas urnas, às 14h (hora de Brasília). 

Em uma disputa pautada tanto pela insatisfação com o estilo de Sarkozy e a incapacidade do governo de reduzir o desemprego quanto por diferenças políticas, o mandatário e seu rival socialista François Hollande devem derrotar oito outros candidatos para ir ao segundo turno em 6 de maio, no qual pesquisas dão uma vantagem de dois dígitos para Hollande.

Hollande, de 57 anos, promete cortes de gastos menos dramáticos que Sarkozy e quer maiores impostos sobre os ricos para financiar a criação de empregos com ajuda do Estado, especialmente um imposto de 75% sobre rendimentos acima de um milhão de euros.

Ele seria o segundo presidente da esquerda francesa desde a fundação da Quinta República, em 1958, e o primeiro desde François Mitterrand, que derrotou Valéry Giscard-d’Estaing em 1981.

Ele votou de manhã em Tulle, cidade no centro da França onde é chefe de governo.

Prevê-se que a manhã ensolarada, que em tese pode ajudar no comparecimento, irá ficar enevoada e chuvosa mais tarde.

Hollande pediu a seus simpatizantes que não se omitam, cioso do fiasco da esquerda em 2002, quando um comparecimento pífio recorde em todo o país fez o candidato socialista ser eliminado ainda no primeiro turno pela extrema direita.

Números do ministério do Interior estimavam o comparecimento em 28,29% ao meio dia, um pouco mais baixo que a forte votação de 2007, quando o índice no mesmo período do dia foi de 31,21%.

Sarkozy, também de 57 anos, diz ser um condutor mais confiável para o futuro caos econômico. Mas muitos dos trabalhadores e jovens eleitores atraídos por sua promessa de mais salário por mais trabalho em 2007 o estão desertando agora que o desemprego atinge sua maior alta em 12 anos.

Ele e sua esposa, a ex-modelo e cantora Carla Bruni, votaram no abastado subúrbio de Neuilly, a oeste de Paris, trocando apertos de mão com os presentes, mas saindo sem comentários.

“Sarkozy divide. Hollande tranquiliza,” disse Helene Boudot, 85 anos, contente por ter sido liberada do hospital a tempo de vontar em seu vilarejo de Chailland, no oeste francês.

Investidores irão acompanhar o primeiro turno para ver como o radical francês Jean-Luc Mélenchon se sai. Mélenchon, que quer uma revolução anti-capitalista, canalizou a revolta contra a economia enfraquecida e se tornou uma figura popular na corrida presidencial, empatado com a líder de extrema direita Marine Le Pen na terceira colocação.