Espanha busca consórcio público-privado para trem-bala entre Rio e São Paulo

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Sebastião Moreira/EFE

Ministra espanhola Ana Pastor disse, no Fórum Café da Manhã, que seu país prepara um consórcio para competir na licitação

São Paulo – A ministra de Fomento da Espanha, Ana Pastor, disse hoje (20), em visita ao Brasil, que seu país prepara um consórcio de empresas públicas e privadas para competir na primeira licitação do futuro trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Ana afirmou que a Espanha “tem os requisitos para concorrer em um concurso como este”, durante a inauguração em São Paulo do Fórum EFE Café da Manhã, um ciclo de encontros com personalidades da política e da economia no Brasil, além de jornalistas, patrocinado pela empresa espanhola Indra.

As ofertas devem ser apresentadas até 13 de agosto, por um valor de “bilhões” de dólares, embora a quantidade final dependerá das propostas das empresas concorrentes, explicou Julio Gómez-Pomar, presidente da empresa ferroviária Renfe. “Nós definiremos em breve o consórcio espanhol que vai se apresentar”, disse o diretor, que acompanhou a ministra na viagem ao Brasil.

Toda a obra requer um investimento de R$ 35 bilhões, segundo cálculos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) do Brasil.

O projeto de 511 quilômetros unirá as cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro.

Perante vários empresários, altos funcionários governamentais e jornalistas, Ana Pastor destacou a ampla experiência da Espanha em trens de alta velocidade, ao contar com a segunda maior rede do mundo, com quase 3 mil quilômetros, ficando atrás apenas da China. “É uma referência internacional”, disse a ministra, que lembrou que em abril a primeira linha espanhola de alta velocidade, que uniu as cidades de Madri e Sevilha, completou 21 anos.

A ministra disse que se o consórcio espanhol for o vencedor, haverá uma transferência de tecnologia ao Brasil. A primeira parte da licitação, que será decidida em setembro, será para a fabricação dos trens, a operação ferroviária e a tecnologia de sinalização, de segurança e controle eletrônicos, disse Julio Gómez-Pomar “A Renfe está trabalhando a fundo na oferta e no plano de mobilidade que vai apresentar, e trabalhando para formar um consórcio que possa apresentar uma oferta ganhadora”, disse.

Além da Espanha, França, Alemanha, Japão e Coreia do Sul também demonstraram interesse em participar da licitação.

Recuperação econômica

O setor privado espanhol começou a sentir os efeitos positivos da redução da taxa de risco do país e isso contribuirá para a recuperação da economia a partir do ano que vem, disse o secretário de Estado de Comércio da Espanha, Jaime García-Legaz, no mesmo fórum.
O secretário afirmou que a redução da taxa de risco “é uma economia muito grande em juros da dívida” que permite ao Estado “acelerar a redução do déficit público”. “Mas o mais importante é que permite baratear o financiamento das empresas espanholas, que em vez de serem financiadas a juros de 6% ou 7%, são financiadas a 4%, 5%, e isso para a capacidade de competir de nossas empresas é importantíssimo”, manifestou.
A taxa de risco espanhola teve fortes baixas nos últimos tempos, até se fixar em 282 pontos básicos na semana passada, nível mais baixo em mais de um ano.
García-Legaz explicou que, com a redução do déficit do setor público, o Estado absorve menos crédito, que é canalizado para o setor privado, processo que “toma tempo, mas está começando a funcionar”.
Ao mesmo tempo, destacou o aumento da competitividade do país, como reflete a expansão de suas exportações. “O setor (de comércio) exterior já está representando dois pontos e meio de crescimento do PIB e isso é fundamental porque o setor exterior está sustentando a atividade econômica, já que a demanda interna ainda é fraca”, disse o secretário de Estado.
Segundo García-Legaz, “o comércio exterior está sendo o sustento da atividade econômica nestes tempos de crise e será a locomotiva da recuperação a partir do ano que vem”. Ele destacou que dados macroeconômicos recentes da Espanha “nos fazem ser otimistas com a recuperação a partir de 2014”. “A recuperação da competitividade da economia espanhola é um fato. Algo está mudando de forma muito profunda na economia espanhola”, enfatizou.
O secretário também afirmou que a “Espanha está aproveitando a bonança econômica que há fora da União Europeia” para buscar saídas para a crise.
Como o representante lembrou, as exportações da Espanha para o restante da União Europeia, que em 2007 representavam 75% do total, caíram para 58% em 2012, e em contrapartida as vendas para a América Latina crescem a um ritmo de 15% anuais; para a África, 25%, e para a Ásia, 18%