Empresas estrangeiras querem produzir maconha no Uruguai, diz governo

na legalidade

Pavel Ševela/Wikimedia Commons

Possibilidade de produção legal de maconha para uso terapêutico chamou atenção de empresários

Montevidéu – Várias companhias e profissionais estrangeiros demonstraram interesse em produzir maconha no Uruguai, caso o Senado ratifique a legalização da droga, aprovada na última semana pelos deputados, informou hoje (6) uma fonte oficial do governo.

Em entrevista à EFE, o secretário-geral da Junta Nacional de Drogas, Julio Calzada, explicou que essas companhias e pessoas, entre elas alguns uruguaios que vivem no exterior, procedem de países como Espanha, Holanda, Inglaterra, Canadá, Estados Unidos e Israel.

Segundo Calzada, os interessados querem produzir a droga para uso psicoativo e também terapêutico, um campo que está incluído na lei uruguaia que regulariza a produção e venda de maconha, pois seu consumo nesse sentido já é legal no país.

A nova lei uruguaia, que poderá ser aplicada no final deste ano ou no começo do próximo, estabelece que a droga pode ser produzida por empresas ou por grupos de consumidores.

As empresas – especificou Calzada – teriam de cumprir “requisitos vinculados às suas capacidades para realizar o cultivo”, como o conhecimento do setor agrícola em geral e o da maconha em particular, pois a planta “não pode ser polinizada” e é melhor quando cultivada em estufas.

“Só são úteis as plantas fêmeas e, se elas são polinizadas, se perdem”, disse.

Serão empresas “de médio porte”, com “especialização de mão-de-obra” e que cumprem com as “condições normais que o Estado impõe a qualquer empresa”, como estar devidamente registrada e em dia com o pagamento de impostos.

“Deverão ser licitadas seguramente entre 20 e 40 licenças” para controlar de “entre 20 e 40 hectares” dos 17 milhões cultiváveis do Uruguai, uma nação de longa tradição agropecuária, e deverão produzir “entre 20 e 22 toneladas por ano” para abastecer o mercado.

Calzada informou que os volumes estimados por enquanto são “para o consumo interno” e “para abastecer o mercado de uso recreativo”, mas que existem, “além disso, empresas que têm interesse em usos terapêuticos, farmacêuticos ou cosméticos”.

Nesse caso, é necessária uma produção com maior escala, para a qual serão montados laboratórios e os controles serão muito precisos e muito claros, antecipou.

Sobre os grupos de consumidores, explicou que funcionarão como “associações civis” ou “cooperativas”, poderão ter entre 15 e 45 membros e deverão ter registro e satisfazer “às condições gerais da lei”.

“Terão que dar garantias de segurança sobre o local de produção e de como farão a distribuição”, afirmou.

Os 40 gramas fixados como consumo mensal para as pessoas registradas equivalem à “cerca de 50 ou 60 baseados (cigarros de maconha)” e o preço dependerá da situação do mercado negro quando começar o comércio legal.

Atualmente, segundo Calzada, o grama da “maconha prensada paraguaia pode ser conseguido por 25 ou 30 pesos (uruguaios)”, mas existe “outra de melhor qualidade, de circulação e produção nacional, que em alguns lugares pode custar até 60 ou 70 pesos”.

A média de preço seria 50 pesos uruguaios (cerca de R$ 5,50).

Para Calzada, a venda da maconha legalizada vai superar a dos cartéis da droga porque oferecerá ao usuário três aspectos que a maconha ilegal não pode oferecer: qualidade, bom preço e segurança.